Pamela Crivellari Viana *
A tripanossomose bovina é uma doença causada pelo protozoário Trypanosoma vivax. Ela pode ser transmitida através da picada de moscas hematófagas infectadas(mutucas, moscas dos estábulos e dos chifres) e, também, através de fômites como agulhas compartilhadas (ex.: para aplicação de ocitocina).
Um meio importante de entrada da doença na fazenda é pela compra de animais já infectados
(aparentemente sadios), o qual costuma preceder episódios de surtos nas propriedades. Os sintomas são inespecíficos. O animal poderá apresentar febre intermitente, anemia, apatia, diarreia, diminuição do ape-
tite, perda de peso, cegueira, aumento de linfonodos, edema submandibular, quadros neurológicos como fraqueza, ataxia, salivação excessiva e morte.
Podem ocorrer problemas reprodutivos, como anestro prolongado, abortos, bezerros natimortos ou muito fracos. Touros podem apresentar inflamação nos testículos e epidídimo, levando a problemas na fertilidade. Também são observadas perdas subclínicas, como imunodeficiência acarretando o aparecimento de outras doenças (mastites, pneumonias etc.), menores taxas de crescimento e de ganho de peso, queda de potencial de produção de leite (10-50%) e perdas na eficiência reprodutiva. Alguns animais podem apresentar sequelas para toda a vida. Exames laboratoriais podem ser utilizados para ajudar no diagnóstico da doença.
Em geral, a recomendação é a sorologia (ELISA ou RIFI), que detecta anticorpos contra o tripanossoma. Animais com imunidade debilitada e infecções novas podem afetar o resultado, gerando “falsos negativos” (animal infectado com resultado negativo). Por isto, estes exames devem ser usados dentro de um conjunto de avaliações que envolvam, além do diagnóstico laboratorial, a observação de sinais clínicos no rebanho e o histórico da fazenda. O tratamento consiste em 4 aplicações sequenciais de isometamidium 2% (Vivedium®), na dose de 1mL/20 kg de peso vivo, com intervalos de 3 meses entre elas.
A via de aplicação é a intramuscular profunda, dividindo-se o volume total da dose em 3-4 pontos diferentes no animal. Todo o rebanho deve ser tratado. Após o término das aplicações, algumas medidas devem ser tomadas, como: monitoramento de sintomas, controle de moscas picadoras, biossegurança quanto à utilização individual de agulhas, compra de animais somente com testes negativos e quarentena e utilização preventiva do Vivedium® em épocas específicas. Para mais informações, contate o profissional Ceva mais próximo de você.
Pamela Crivellari Viana* – Médica Veterinária pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa, MG. Vendedora Técnica de Campo da Ceva Saúde Animal. Publicado originalmente pela Cooperando (cooperando.agr.br), revista da COOPERATIVA REGIONAL DE PRODUTORES RURAIS
DE SETE LAGOAS LTDA – COOPERSETE