Matrix: uma crítica ao conformismo social e às ilusões modernas

Por Lucas Antôny*

Matrix é um filme que, apesar de antigo, envelhece como um vinho. Suas questões se tornam cada vez mais pertinentes com o passar do tempo. Como algo pode permanecer tão atual mesmo diante das mudanças sociais e tecnológicas? Repleto de metáforas, paradoxos e visões filosóficas, Matrix transcende o status de entretenimento e se torna uma obra aberta a inúmeras interpretações.

A reflexão que mais me impactou foi a questão social: a ideia de que muitas pessoas preferem se acomodar em suas rotinas, mesmo enfrentando dificuldades, ao invés de buscar mudanças significativas. Essas pessoas escolhem líderes, mas raramente os cobram por melhorias, perpetuando um sistema de conformismo. Uma cena emblemática do filme é a entrevista de emprego de Neo, onde seu chefe o repreende por não se submeter às regras impostas. Essa crítica ao conformismo ressoa na maneira como a sociedade encara quem ousa buscar uma vida melhor: esses indivíduos são frequentemente rotulados como “rebeldes”.

Se você terminar Matrix sem refletir sobre si mesmo e o mundo ao seu redor, talvez tenha assistido ao filme errado. A ideia central – de que a sociedade é utilizada como uma “bateria” para alimentar um sistema que prospera à base de ilusões e falsas seguranças – é incrivelmente atual. O filme provoca uma pergunta inquietante: vivemos uma vida genuína ou estamos apenas sustentando um sistema que nos manipula?

Essa reflexão me levou a pensar nos desejos e sonhos fabricados. Por exemplo: quantas pessoas têm como objetivo visitar a Disney ou comprar o próximo iPhone? E se esses símbolos de aspiração não existissem, pelo que viveríamos? Será que nossos desejos são realmente nossos, ou são frutos de uma manipulação involuntária?

Por fim, deixo uma reflexão do meu amigo Vitor Pierry, que dialoga muito bem com o filme:

Pessoas adormecidas: Seguidores.

O sistema: Redes sociais.

Alimentando as máquinas: Influenciadores (nem todos).

Vida de ilusão: A vida perfeita que você nunca alcança porque não sai da zona de conforto – algo que as “máquinas” retratadas em Matrix fizeram.

E por que “máquinas”? Porque, uma vez inseridas nesse sistema, é quase impossível sair dele, retornando à antiga vida dormente ou perpetuando o ciclo.

Matrix (1999) é uma obra-prima. Nota: 10/10.

*Lucas Antôny é um jovem ator e cineasta de Sete Lagoas. Com apenas 16 anos, já dirigiu seis curtas-metragens premiados e está em cartaz com sua segunda peça teatral, O Auto da Compadecida. Apesar de seu foco principal como ator ser o teatro, Lucas possui um portfólio extenso no audiovisual, consolidando-se como um talento promissor no cinema e nas artes cênicas.Mais críticas em: https://boxd.it/7PsoB Instagram: https://www.instagram.com/lucaas_antony/profilecard/?igsh=MXFsMDNkb210dXRoMw==