Decretada prisão de 6 palmeirenses da Mancha Alviverde por emboscada a cruzeirenses da Máfia Azul: um sete-lagoano morreu

Reportagem de Lucas Jozino, Kleber Tomaz, Bruno Tavares, Pedro Henrique Moreira, g1 SP e TV Globo — São Paulo, informa que a Justiça de São Paulo atendeu aos pedidos da Polícia Civil e do Ministério Público (MP) e decretou nesta quarta-feira (30) as prisões temporárias, por 30 dias, de seis palmeirenses da torcida organizada Mancha Alviverde. Além da prisão, também foi autorizado o cumprimento de mandados de busca e apreensão. Um dos endereços é a sede da organizada.

Eles são investigados por suspeita de participarem do ataque aos ônibus dos torcedores cruzeirenses da Máfia Azul, no domingo (27), na Grande São Paulo. Até a última atualização desta reportagem nenhum dos membros da Mancha Alviverde haviam sido presos.

A vítima fatal: José Victor, de 30 anos, morador de Sete Lagoas. Reprodução: Redes Sociais

Um torcedor da organizada do Cruzeiro morreu e outros 17 cruzeirenses ficaram feridos após uma emboscada organizada por parte da torcida do Palmeiras na Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã. Dois ônibus que levavam torcedores da Máfia Azul para Minas Gerais foram vandalizados: um acabou incendiado e outro foi depredado. O torcedor morto é José Victor, de 30 anos, morador de Sete Lagoas. Segundo seus parentes informaram à reportagem, a vítima estava dentro de um ônibus que foi incendiado e acabou sofrendo queimaduras fatais.

São procurados:

  • Jorge Luiz Sampaio Santos, presidente da Mancha Alviverde;
  • Felipe Mattos dos Santos, o “Fezinho”, vice-presidente da Mancha Alviverde;
  • Leandro Gomes dos Santos, o “Leandrinho”;
  • Henrique Moreira Lelis;
  • Aurélio Andrade de Lima;
  • Neilo Ferreira e Silva, o “Lagartixa”, professor de artes marciais.

A Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) identificou oito pessoas ligadas à Mancha Alviverde que participaram da emboscada contra torcedores do Cruzeiro. A Promotoria apura o envolvimento de torcidas que agem como “facções criminosas”. Segundo a Drade e o Gaeco, três dos suspeitos investigados têm postos de liderança dentro da Mancha Alviverde.

Seis dos palmeirenses tiveram as prisões temporárias por 30 dias pedidas pela delegacia. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, que acompanha a investigação policial, concordou com os pedidos.

As autoridades estão analisando vídeos que circulam na internet e filmagens de câmeras de segurança para identificar mais autores do ataque a ônibus dos torcedores da Máfia Azul.

O caso foi registrado incialmente na Delegacia de Mairiporã como homicídio, incêndio, associação criminosa, lesão corporal e tumulto com violência — este no âmbito da Lei Geral do Esporte. A investigação passou a ser feita depois pela Drade, com sede na capital paulista.

O Ministério Público foi favorável aos pedidos de prisões feitos pela polícia por causa do risco de fuga dos suspeitos e que eles destruam provas dos crimes. Os promotores destacaram que as imagens refletem banalização da violência e crença absoluta na impunidade.

Ainda segundo a Promotoria, a emboscada dos palmeirenses aos cruzeirenses demonstra escárnio com o poder público e com a sociedade e a audácia da ação planejada e executada à luz do dia. De acordo com o MP, a Mancha Alviverde ainda tentou refutar o vínculo com os fatos, publicando nota oficial isentando a responsabilidade, apesar do evidente interesse e envolvimento da cúpula nos crimes.

Torcida organizada proibida de ir a estádios

Nesta quarta-feira (30), a Federação Paulista de Futebol (FPF) divulgou comunicado interno informando que irá acatar a recomendação do MP para proibir a presença da Mancha Alviverde em estádios de futebol no estado de São Paulo.

“Atender integralmente a recomendação do Ministério Público do Estado de São Paulo, para que seja PROIBIDA a entrada, nos estádios de futebol do Estado de São Paulo, de qualquer indumentária e objetos (faixas, bandeiras etc.) que identifiquem os associados da torcida organizada “GRÊMIO RECREATIVO E CULTURAL TORCIDA MANCHA ALVIVERDE” a contar desta data”, informa trecho do documento assinado por Fabio Barbosa Moraes, diretor executivo do Departamento de Segurança e Prevenção de Violência da entidade.

“A Federação Paulista de Futebol oficiará aos Órgãos de Segurança do Estado, Ministério Público do Estado de São Paulo, para fins de fiscalização no cumprimento desta Portaria. Esta Portaria entra em vigor na presente data, revogadas as disposições em contrário”, informa outra parte do comunicado obtido pela TV Globo.

O OUTRO LADO

A TV Globo e o g1 tentam contato com a Mancha Alviverde para comentar a decretação das prisões dos seis torcedores palmeirense. E também para comentarem a decisão da Federação Paulista de Futebol que proibiu a entrada da torcida organizada em partidas de futebol no estado de São Paulo.

Em suas páginas oficiais na internet, a direção da Mancha Alviverde negou que tenha organizado, participado ou incentivado qualquer ação relacionada a emboscada contra os cruzeirenses. E que não se responsabiliza por ações isoladas de palmeirenses envolvidos no ataque. A torcida informou ainda que lamenta profundamente o que ocorreu e que repudia com “veemência” a violência.

A direção da Máfia Azul se manifestou em suas redes sociais na web. No Instagram, a torcida fez postagens com mensagens repudiando o ataque dos palmeirenses contra cruzeirenses. Numa delas, escreveu que “o choro da mãe do seu rival não traz a alegria da sua”.

O Palmeiras informou por meio de nota enviada à TV Globo que repudia as cenas de violência do final de semana envolvendo torcedores do clube contra a torcida do Cruzeiro. E defendeu uma punição rigorosa para os criminosos.

Fonte: G1.com.br