Dra Bruna Araújo Martins Resende
Endocrinologista e Metabologista – CRMMG 52916 RQE Nº: 33669
A resposta é não!
Há cada vez mais estudos sobre a medicina canabinoide, mostrando benefícios (e potenciais
benefícios).
Antes de falarmos sobre a medicina canabinoide, é interessante falar que o nosso corpo tem
um sistema endocanabinoide (que não depende da cannabis sativa). Esse sistema é uma rede
neuromoduladora envolvida no desenvolvimento do sistema nervoso central, além de
desempenhar um papel importante no ajuste de muitos processos cognitivos e fisiológicos. O
sistema endocanabinoide é composto dos endocanabinoides, seus receptores e enzimas.
A medicina canabinoide consiste em administrar os canabinoides derivados das plantas
(fitocanabinoides) ou canabinoides sintéticos. É diferente do uso recreacional da maconha.
Inclusive, o uso recreacional não é recomendado, pois pode interferir na função cognitiva,
aumentar doenças psiquiátricas (como esquizofrenia), aumentar acidentes automobilísticos.
Então, defender a medicina canabinoide não é sinônimo de defender a legalização da
maconha!
E quais são os potenciais benefícios dessa terapia?
Primeiramente, devemos deixar claro que não é uma panaceia! Não é a solução para todos os
problemas e doenças! Há vários estudos pré clínicos mostrando que em laboratório e em
animais pode ser benéfico para ansiedade, autismo, Doença de Alzheimer, entre outras
doenças. Porém, o que mais temos de evidência em humanos são para as seguintes condições:
dores crônicas (principalmente as neuropáticas), espasticidade na esclerose múltipla, nos
cuidados paliativos, epilepsia (algumas síndromes mais específicas), na doença inflamatório
intestinal.
É uma terapia com vários potenciais benefícios! Porém, precisamos de mais estudos, estudos
maiores (de melhor qualidade e em humanos) para sabermos ao certo quais são as outras
condições que irão se beneficiar e qual a posologia mais adequada para cada doença!