O Vale do Jequitinhonha no mapa da produção de vinhos de alta qualidade

Por Chico Maia

Há 11 anos empresários de Diamantina começaram investir na produção de vinhos. Do plantio das uvas à comercialização, passando por incontáveis estudos e experiências. Investimento que não é pequeno.

O vinhedo está localizado no Guinda em Diamantina numa altitude de 1.400 metros. Fotos: Quinta do Campo Alegre

Descobriram que as terras da região são férteis para a atividade, que teve seus primeiros passos no Século XVIII, quando a cidade ainda era o Arraial do Tijuco, maior produtora de diamantes do mundo.

Nestes 11 anos foi criada a Associação dos Vitivinicultores e Olivicultores  de Diamantina e Alto Jequitinhonha – AVODAJ –, cujos associados passaram a cultivar variedades que se adaptaram muito bem na região, como Syrah, Carbenet Franc, Malbec, Merlot, Pinot Noir, Tempranillo, Sauvingon Blanc, Tanat, Alvarinho, Marsane, Muscat, Chardonnay, Pinot Meunier, Carbenet Sauvingon, Gewurstraminer, Touriga Nacional, Barbera, Isabel Precoce, Petit Verdot e Riesling Itálico.

Mais novo atrativo turístico de Diamantina são as visitas guiadas às fazendas produtoras, como a Quinta do Campo Alegre, para apresentação do vinhedo e das etapas da produção, com degustação de vinhos e queijos

Qualidade e dificuldades

Aliados aos produtores de queijo, estes empreendedores diamantinenses já disponibilizam visitas guiadas às vinícolas produtoras, ao melhor estilo do que é feito no Chile, Argentina, Uruguai e África do Sul, por exemplo.

Esbarram, porém, na burocracia, má vontade e acima de tudo taxação pelo governo estadual. Enquanto os estados do Sul do Brasil e São Paulo, cobram 2%, em Minas são inacreditáveis 27%. Como incentivar o setor desse jeito?

Possivelmente nem o governador Romeu Zema deve saber de nada disso: que além do Sul do estado, o Vale do Jequitinhonha agora está no mapa da produção de vinhos de alta qualidade, gerando tudo de positivo que o segmento possibilita. Se soubesse, não teria enviado, no dia 29 de agosto, para a Assembleia Legislativa o projeto de lei que torna permanente a cobrança adicional de mais dois pontos percentuais de ICMS sobre bens considerados supérfluos, como cigarros, armas e bebidas alcoólicas.

É preciso um tratamento diferenciado para situações como essa. Não é razoável colocar o vinho na mesma vala de outras bebidas alcoólicas. E convenhamos, 27% já é um valor absurdo, exorbitante, que precisa ser repensado, especialmente por um governo que se diz liberal e fala em apoiar de forma decisiva a iniciativa privada.

Hipocrisia e impostos

Aliás, as leis brasileiras proíbem os cassinos no país, que no mundo inteiro geram milhares de empregos e bilhões em impostos. Mas o próprio governo promove jogos de várias modalidades por meio das loterias da Caixa. Recentemente liberou as apostas em jogos de futebol, mesmo sem a devida regulamentação específica. Negócio bilionário, sem nenhum controle oficial, só permitido via internet e mesmo assim em “casas de apostas” sediadas no exterior.

Em compensação, alguns setores legalizados, que fomentam a economia, geram impostos, trabalho e riqueza são penalizados. Um exemplo prático e próximo a nós é este da produção de vinhos em Diamantina.

O vinhedo Quinta do Campo Alegre está localizado no Guinda, em Diamantina