sexta-feira, 26 de julho de 2024

Exageros à parte, Zagallo: nem herói, nem vilão! | por Chico Maia

Uma overdose de Zagallo na imprensa nacional, só de elogios ao falecido treinador. Já manifestei a minha opinião sobre ele numa postagem anterior e volto ao tema porque assim como eu, muita gente se assustou com o endeusamento absurdo que estão fazendo dele.

Imagem: twitter.com/CONMEBOL

E a reação tem sido pesada, quase na mesma proporção. Pego como exemplo comentários aqui no blog, com os quais concordo na maioria dos casos, porém com ressalvas, que já faço agora, para o que os senhores e as senhoras vão ler:

– Zagallo foi inovador sim e quem me disse foi o Tostão, que tem trabalhou sob comando dele.

– Teve grandes craques da história nas mãos para ganhar a Copa de 1970, porém, se não tive competência para saber escalá-los e controlar o ambiente, teria se ferrado, como vários se ferraram e se ferram ainda. Exemplos não faltam, nos clubes e na seleção.

– Ele era bairrista sim, mas não discriminava em função do estado em que o jogador atuava, como por exemplo: em 1970, Tostão, Piazza e Fontana eram do Cruzeiro; Dario, do Atlético; Everaldo, lateral esquerdo, titular, era do Grêmio.

– Em 1998 ele pôs Ronaldo para jogar a final em cima da hora, depois de ter soltado a escalação oficial para a imprensa com o Edmundo escalado. Opção dele, que era o chefe e teria que optar. Cada treinador e cada um de nós pensaria de um jeito. O jogador disse que estava bem, os médicos lavaram as mãos, dizendo que clinicamente ele estava, ok. Era o melhor jogador do mundo naquele momento e titular absoluto. Se eu fosse o treinador, também o colocaria pra jogar.

Com essas ressalvas, confiram o que pensam outros comentaristas aqui do blog, a quem agradeço:

Juca da Floresta

… Zagalo pegou a seleção de 70 montada pelo inesquecível João Saldanha, ele não teria a competência de escalar esse time. Fez fama com a cama pronta. Deus o tenha…”

João Carlos Albuquerque  

“Não há nenhuma dúvida de que Zagallo é uma das maiores personagens do futebol brasileiro, mas a pesar dos 4 títulos mundiais, a verdade é que ele nunca passou de um esforçado coadjuvante e um dos responsáveis pela supervalorização do cabeça-de-bagre no futebol, tais como Parreira, Coutinho, Lazaroni e alguns outros menos famosos que ajudaram a plantar e adubar as sementes de nossa mediocridade atual, da qual seremos herdeiros por mais muitas décadas. Além do exposto, o pachequismo dele aliado ao carioquismo subserviente ao poder, bem como ao bairrismo que simplesmente o faziam “desconhecer o futebol que era jogado no restante do país” fizeram mais mal do que bem ao esporte. Ninguém diz isso abertamente, mas a verdade é que fora do Rio, ninguém suportava esse cara.”

Silvio Torres

“Não vou detonar totalmente a carreira e as conquistas do Zagallo mas, como acontece em muitas outras situações, a “imprensa atleticana” do Rio costuma esconder os fracassos de seus protegidos. Assim foi com o Velho Lobo, que treinou pouquíssimos times pra quem tinha um currículo tão “vitorioso”. Praticamente nenhum grande clube brasileiro o queria e os poucos que o contrataram foi por falta de opção melhor. Na seleção mesmo, com gerações brilhantes nas mãos, fracassou em três Copas. Em 74 penou na fase de grupos – quem viu não esquece o sufoco contra o Zaire – avançou aos trancos e barrancos até topar com a Holanda. Em 98 não dá pra esquecer nem perdoar a atitude covarde, medrosa de botar Ronaldo pra jogar a final. Em 2006 foi cúmplice do maior festival de palhaçadas de um selecionado tupiniquim. Peço licença ao Levir Culpi pra definir a carreira do Zagallo: foi um medíocre com sorte.”

Alisson Sol

“Definitivamente uma grande pessoa, que descanse em paz.

Agora, eu vou apresentar um ponto-de-vista aqui: é difícil ser treinador com Pelé, Tostão, Rivelino, Garrincha, etc.? Ou com Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo? Acho também que a má administração do caso do problema de saúde tido por Ronaldo na final de 1998 cai sob ele. Definitivamente, um grande “motivador”. Mas, como técnico, acho que conquistou títulos em eventos com menos dificuldades tendo times que jogariam sem técnico. Não olho apenas os títulos, e acho que em termos de esquema Telê Santana foi melhor, em termos de leitura de jogo Luxemburgo foi melhor, e em termos de “fazer um bando de cabeças de bagre” funcionar como um time, o Autuori foi melhor (e não é por evitar a queda do Cruzeiro: ele venceu o Campeonato Brasileiro e Libertadores com times absolutamente “esquecíveis”!).”

Raul Pereira

“… Zagallo era um técnico comum. Retranqueiro.

Deu sorte na vida como jogador (mediano, nota 6 no máximo) e como técnico que herdou de João Saldanha um time pronto e se sagrou campeão do mundo em 1970.

Mesmo assim, que descanse em paz – seja lá o que isso signifique, estou apenas repetindo uma expressão padrão que as pessoas usam em situações como essa…”