segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Blog do Chico Maia: O bom, o ruim e o desnecessário da abertura dos Jogos de Paris

Essa é a minha sétima cobertura presencial de Olimpíada. As aberturas mais marcantes que vi até hoje foram as de Londres (2012) e Pequim (2008), com destaque especial para Londres, na qual Paris se inspirou em algumas coisas legais, como a utilização de imagens de grandes astros do cinema, futebol, música e cultura em geral da Inglaterra. Cenas deles nos telões, misturadas com eles em carne e osso, no estádio da abertura.


Nunca vou me esquecer do ator do 007, Daniel Craig, indo buscar a Rainha Elizabeth no gabinete de trabalho dela, entrando no helicóptero e as imagens mostrando o percurso deles até o estádio Olímpico.
Trabalho tão bem feito que só percebemos que poderia ser uma encenação quando ele começou a prepará-la para saltar e o helicóptero sobrevoava o gramado.


As pessoas se entreolhavam e se perguntavam:
__ Será que ela vai saltar de paraquedas???
A imagem tomou conta de todos os telões, quando ela se aproximava da porta do helicóptero. Quando a porta se abriu, a imagem sumiu dos telões, todos os holofotes foram para a tribuna do estádio, em cima dela, que entrava com aquela cara boa e a tradicional bolsa pendurada no braço, ao lado do marido, com a mesma roupa da filmagem.
Uma cena fantástica, que sempre vale a pena ver de novo: https://www.youtube.com/watch?v=_TgIKn4bM5M


Também teve o Mr. Bean, metendo o dedo no piano tocado durante a apresentação da Orquesta Sinfônica de Londres, no gramado. O estádio veio abaixo de tanta gargalhada, daquela cara malandra dele, que pode ser vista neste link:
https://www.youtube.com/watch?v=CwzjlmBLfrQ


Pequim marcou pela opulência, os shows de fogos, as artes marciais, a perfeição em todos os detalhes, naquele estádio espetacular, batizado como Ninho do Pássaro.


Paris marca pelo ineditismo de ter feito a abertura a céu aberto. Foi ótimo, porém, melhor certamente para quem assistiu pela TV, já que apenas as autoridades e pessoas presentes perto do palanque principal puderam ver tudo de perto e entender o que estava acontecendo. Para que tenham uma ideia, do início do desfile, que foi perto da Torre Eifell, até onde eu estava, perto do Museu do Louvre, o barco da Grécia, primeiro a desfilar, levou meia hora. Por mais que o público batesse palmas e vibrasse, não dava pra comparar com a vibração e emoção do ambiente interno de um estádio.

As performances teatrais e musicais só puderam ser sentidas pelas poucas pessoas que estavam perto, já que por melhores e mais nítidos que fossem os telões ao longo do Rio Sena, não é a mesma coisa.
Além do mais, depois de uma hora do início do desfile a chuva aumentou, ficou muito forte, e gente demais foi se abrigar ou ir embora. Meu caso, por exemplo, que fui para um bar assistir o resto pela TV, tomando um “chá com torradas”. Vale lembrar que nas lanchonetes de todas as arenas e instalações olímpicas só se vende cerveja e drinks, sem álcool, a 8 euros um copo de 500 ml, sem graça nenhuma.


E só hoje que vi aquela cena mal pensada, desrespeitosa, inoportuna e desnecessária, de provocação à Santa Ceia. Nada justifica desrespeito a nenhuma religião, principalmente nestes tempos conturbados e perigosos que estamos vivendo no mundo todo. Pra quê isso? Porquê?
Certamente, uma mancha na história dessa Olimpíada, que tem tudo para ser uma das melhores de todos os tempos.