Canto sobre tela: a mistura das artes que compõem mais de 40 anos de carreira de Paulinho Pedra Azul

A ligação do artista com Sete Lagoas é antiga e ele diz querer voltar um dia para amar, ser amado, cantar e pintar a alegria

Foto: Ludimila Loureiro

Paulo Hugo Morais Sobrinho, mais conhecido como Paulinho Pedra Azul é um multiartista mineiro com mais de 40 anos de carreira e muitas obras em seu acervo. O cantor, compositor, escritor e artista plástico é um viajante nato, mas assegura que sua morada são as Minas Gerais do Brasil.

Artista independente, construiu e constrói sua carreira à margem do streaming em um movimento ousado de lançar CDs e vendê-los em seus shows. Já são 18 livros, 28 discos, várias pinturas e desenhos com acrílica e óleo sobre tela. Aos 69 anos, não pensa em parar e diz ter um acervo de obras ainda não lançadas.

No dia 11 de novembro, Paulinho estará na Casa da Cultura, em Sete Lagoas, para seu show comemorativo de 40 anos de carreira. Em entrevista, ele conta sobre suas origens, trabalhos e as voltas que já deu pelo mundo.

Você compartilha o mesmo nome de sua cidade: Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha. Como se deu essa escolha?

Paulinho: O nome artístico Pedra Azul, além de ser minha cidade natal, veio para fortalecer o nome Paulinho, que é muito comum e poderia se confundir com outros Paulinhos da MPB.

Atualmente mora em Belo Horizonte, morou em São Paulo e já passou por diversos lugares como Europa, Estados Unidos e Cuba. Tem algo que te encantou nesses lugares que você carrega até hoje?

Paulinho: Morei em São Paulo por 12 anos. Conheci outros países, mas minha moradia será para sempre aqui no Brasil. Amo meu país.

Qual a diferença de se apresentar para o público no Brasil e no exterior?

Paulinho: Cantar aqui ou em qualquer outro lugar do mundo são emoções iguais. Cantei no exterior e a grande maioria do público era de brasileiros.

Qual a música mais marcante de sua carreira?

Paulinho: Várias músicas marcaram minha carreira, mas as que mais se destacaram foram Jardim Da Fantasia (Bem te vi), Cantar (Godofredo Guedes) e Ave Cantadeira.

Como foi o processo de criação do CD duplo “Paulinho Pedra Azul 40 anos de Cantoria”?

Paulinho: Com essa “moda” de EPs, lançando 1, 2, 3 músicas no máximo, foi muito “ousado” da minha parte lançar um CD duplo com 40 músicas remasterizadas. Mas deu certo. A primeira tiragem, de mil unidades, já está se esgotando. Meu público é muito fiel.

Como tem sido a experiência de tocar com uma orquestra?

Paulinho: Cantar com orquestra, além de emocionante, fica muito elegante e a sonoridade preenche o palco intensamente. A Orquestra Opus, com os arranjos e regência do Maestro Leo Cunha, enriqueceu o repertório que escolhi para a comemoração dos meus 40 anos de Cantoria.

Além de cantor e compositor, você também transita pelas artes plásticas. Como se deu o contato com cada uma dessas expressões artísticas?

Paulinho: Lancei 18 livros, 28 discos, várias pinturas e desenhos com acrílica e óleo sobre tela. Veio tudo ao mesmo tempo. Sempre, desde muito novinho, já me expressava nessas 3 formas artísticas. Claro que a música predominou, mas continuo pintando e escrevendo.

Você acredita que suas artes se complementam/misturam ou são áreas bem delimitadas para você?

Paulinho: As artes se completam. Uma empurra a outra. Você pode pintar escutando música, cantar mirando uma tela e escrever, juntando as três coisas.

Para você, qual o livro e quadro seus mais marcantes?

Paulinho: O livro que mais marcou foi o infantil, Soltando os Bichos, que virou um musical em parceria com Geraldinho Alvarenga e recebeu três prêmios do SATED.
O quadro que mais me marcou foi uma cópia que fiz do Fernando Campagnoni intitulado Cristo No Horto Das Oliveiras, óleo sobre tela, que fiz para minha mãe, mas numa exposição em Almenara, Minas Gerais, coloquei um preço “absurdo” para não vendê-lo. Mas foi comprado por Dr. Trazíbulo, que foi Prefeito da cidade na época e se apaixonou pela tela. Passei o cheque para minha mãe, que não gostou de eu ter vendido. Mas não teve outro jeito.

Como é a sua relação com Sete Lagoas?

Paulinho: Quase mudo para Sete Lagoas numa época. Meus amigos, Afrânio e Ju, me levaram no apartamento deles e me mostraram um outro, ainda em construção, e eu quase compro, mas tomei outros rumos.
Meu pai comprou um sítio na Fazenda Velha há 40 anos e é lá que cada irmão construiu seu cantinho e é onde a família e amigos se divertem. Além de vizinhos maravilhosos. Somos vizinhos de frente do querido amigo Chico Maia, que, algumas vezes, abre um barril da Falke (Falcone) e o violão rola com todos cantando.

Quais as lembranças que você tem de shows feitos aqui em Sete Lagoas e região?

Paulinho: Cantei muitas vezes em Sete Lagoas. Na Serra, na Tom Maior, no Restaurante Donana, no Bebeto (Ilha/Lagoa Paulino), praças, teatros, etc. Fui sempre muito bem recebido. Aliás, em toda região. Motivo de muita felicidade.

Você morou por muito tempo na Fazenda Velha ou apenas durante a pandemia?

Paulinho: Durante a pandemia. Fiquei muito no sítio do meu pai e pretendo morar lá um dia. Lugar muito simples e bem cuidado, principalmente pela minha irmã Graça e por Nei, nosso jardineiro e fiel amigo.

Você pretende retornar para a Fazenda Velha no futuro?

Paulinho: Morar na Fazenda Velha, buscar a paz, pintar novamente, montar um estúdio de gravação, escrever, andar descalço, cozinhar, amar e receber quem nos ama. Se Deus assim quiser.

Conte um pouco sobre como será a apresentação no dia 11 de novembro na Casa da Cultura de Sete Lagoas.

Paulinho: O show na Casa da Cultura será uma comemoração dos meus 40 anos de carreira. Vou cantar um pouco de cada disco e contar uns causos. Teremos o CD para vender no dia e autografar depois do show. Espero todos lá. Estou com muita saudade. Beijos para todos e gratidão sempre.