por Chico Maia
Tive o prazer de conhecer pessoalmente os três. Com o Sílvio Luiz, a honra de estar na mesma equipe, do Luciano do Vale, nos tempos da “Bandeirantes, o Canal do Esporte”, nos anos 1980/1990.
Conheci mais de perto o Antero, em coberturas de Copas do Mundo e outras, papo agradabilíssimo nas resenhas, antes, durante e depois dos treinos e jogos da seleção brasileira. Tenho uma foto com ele (que estou procurando em meus bagunçados arquivos), andando pelas vielas de Hannover, em 2005, durante a Copa das Confederações, na Alemanha. Também na foto, o José Alberto Andrade, da Rádio Gaúcha, e o André Kfouri, ESPN.
Antero falava e a gente ouvia, aprendia e ria, muito. Contava casos de jogadores, dirigentes, colegas de profissão e da vida em geral. Um senso de humor fantástico, até para contar histórias tristes.
Estilo muito parecido com do Washington Rodrigues, o “Apolinho”, que conheci no início de minha carreira em Belo Horizonte, Rádio Capital, naqueles inesquecíveis Atlético x Flamengo, em 1979, no Maracanã (com renda para as vítimas das enchentes em Minas), com Pelé jogando para os cariocas; depois 1980 e 1981. Fomos apresentados pelo Vilibaldo Alves. Eram muito amigos. Dois ótimos contadores de histórias. Já devem estar batendo papo lá em cima e discutindo novamente sobre José de Assis Aragão e José Roberto Wright, que meteram a mão no Galo em 1980 e 1981.
Silvio Luiz era “de lua”. Na maioria das vezes super bem humorado, receptivo, mas quando estava com cara de poucos amigos, melhor nem chegar perto. Lembrança pessoal mais divertida que tenho dele é da Copa da Itália, dia 24 de junho de 1990, na área da imprensa no San Siro, em Milão: Alemanha 2 x 1 Holanda, pelas oitavas de final. O espaço era na divisa com a tribuna de honra do estádio, onde ficavam os “VIPs”, autoridades do futebol, do mundo político e do meio empresarial. Homens e mulheres muitíssimo bem vestidos, elegantes, ternos e vestidos da alta costura.
Subindo as escadarias da tribuna de imprensa, me deparo com o ex-craque argentino Jorge Valdano, atacante, campeão do mundo no México, em 1986. Era comentarista na Espanha e estava prestes e iniciar carreira de treinador na base do Real Madri. O sujeito também esbanjava elegância, vestindo um sobretudo longo. Eu com a minha camiseta polo, com patrocínio no peito, da Distribuidora Valença/Skol e boné do Fubá Sinhá.
Sozinho, desconcertado e constrangido no meio daquele povo chique, procurava algum conhecido e não via ninguém. Até que ouvi uma voz grossa gritando: “O mineiro, ô mineiro, vem pra cá; mas antes, vê se acha uma água e um café e traz pra nós aqui!”
Era o Sílvio Luiz, que transmitiria o jogo para a Band e tinha ao lado o Mário Sérgio, ex-jogador, naquela época comentarista, também da Band.
Achei a água e o café, dirigi até eles e antes que eu me sentasse ele soltou uma risada dizendo:
__ Pô mineiro, somos os únicos esfarrapados no estádio, fica aqui na ala dos favelados com a gente!
Ele também de boné e, igual ao Mário Sérgio e eu, trajando camisa polo, até mais surrada que a minha.
Antero Grego se foi aos 69 anos (tumor cerebral), Silvio Luiz, 89 (complicações decorrentes de um AVC) e o Apolinho, 87, tumor no fígado. Cada um com um problema grave de saúde que os impedia de trabalhar e limitava seus movimentos.
Fizeram belas histórias na Comunicação.
Neste link, um bate papo muito legal do comentarista carioca com o Sergio du Bocage, na TV Brasil.
Vale a pena assistir:
E aqui, narração do Sílvio Luiz, com todos os seus bordões, de fuma final de Copa do Brasil, entre Cruzeiro e Palmeiras: