Você concorda com a proibição do uso de telefone celular nas escolas?

Ponto de vista
Aparelho só será permitido em atividades pedagógicas ou em casos excepcionais, como os de alunos com deficiência que necessitam de tecnologia assistiva.

Lucas Antôny Estudante, ator, diretor e membro do CPA (Comitê de Participação de Adolescentes)

Sim
Meu nome é Lucas Antôny, e este ano encerro minha jornada na escola. Desde 2013, acompanhei a presença crescente da tecnologia entre os jovens. Contudo, percebi algo preocupante: ao longo desses 12 anos, o interesse dos alunos pelas aulas diminuiu, enquanto o fascínio pelo “próximo vídeo” aumentou.

É um erro grave atribuir a culpa dessa defasagem apenas aos alunos, à tecnologia ou até às escolas. O modelo educacional atual praticamente não evoluiu nos últimos 50 anos, ignorando os avanços tecnológicos e as mudanças nas formas de aprender. Aulas no formato de palestras repetitivas são cada vez menos eficazes.

Além disso, a desmotivação dos professores, causada tanto pela desatenção de parte dos alunos quanto pelos baixos salários, prejudica o ambiente de ensino e impacta até aqueles que se interessam em aprender. Por outro lado, muitos alunos permanecem desconectados da realidade da sala de aula, utilizando fones de ouvido ou o celular durante as aulas e deixando para os professores a tarefa de atraí-los para o aprendizado.

Minha visão é que todo o sistema educacional precisa se atualizar. Métodos modernos devem ser estudados e implementados para que a escola deixe de ser vista como um “fardo” e passe a ser um ambiente onde os alunos entendam seu papel e reconheçam os benefícios de estar ali.

A medida que proíbe celulares nas escolas, sancionada pelo presidente Lula e aprovada pela Câmara dos Deputados, é interessante, mas não pode ser isolada. Agora que o governo chamou a atenção dos alunos para as escolas, é necessário tornar o ambiente escolar mais acolhedor e eficiente.

Como membro do CPA (Comitê de Participação de Adolescentes) de Sete Lagoas, algo que me incomoda é a falta de espaço para opinarmos nas tomadas de decisão. Lutamos para ter voz nesse processo, mas nossas propostas, que visam o benefício da comunidade escolar, não foram consideradas.

Se queremos uma educação melhor, o esforço precisa ser coletivo. Alunos, professores e o governo devem caminhar juntos, cada um assumindo sua responsabilidade na construção de um sistema educacional mais justo, moderno e motivador.

Rodrigo Braga Professor e vereador

Sim
Como professor, sou contra. Vivencio diariamente a dificuldade de competir com notificações, mensagens e jogos pela atenção dos alunos. O ambiente escolar deve ser um espaço de aprendizado e concentração, e o celular muitas vezes se torna um obstáculo. É essencial que sejam adotadas medidas para garantir o foco nas aulas, promovendo o desenvolvimento e o aproveitamento pedagógico dos estudantes.

Fernando Campos Secretário Municipal  de Educação 

Sim
Pesquisas apontam prejuízo para a memória e o aprendizado causado pela presença do celular na escola, mesmo que não haja uso durante a aula, além de um menor desenvolvimento de habilidades sociais. A medida visa uma melhor qualidade de ensino e um ambiente de aprendizado mais adequado, sem deixar de contemplar necessidades diferenciadas.

Wálmisson Régis de Almeida Professor do IFMG. Pai de Arthur, 16 e  Sávio, 13 anos

Sim
Um meio termo entre liberar e proibir totalmente parece ser inexequível. Pesquisas relacionam a proibição com uma melhoria de rendimento escolar. É impossível disputar espaço com o sistema de recompensa das telas, perversamente montado pelos algoritmos. Em contraponto, deve existir nas escolas o espaço para a oferta de letramento computacional, para formarmos uma geração competitiva e de alta produtividade.

Renata Silqueira Antunes Lima Cirurgiã Dentista. Mãe de Júlia, 10 e Maria Eduarda, 5 anos

Sim
Como mãe eu concordo com a proibição dos celulares nas escolas. O celular se torna uma distração para as crianças, em um ambiente em que elas devem estar concentradas no aprendizado e no convívio com outras crianças.

Então, temos que incentivar o uso consciente e com regras destes aparelhos em casa.

Aluno da escola municipal do Rio com celular, antes de proibição — Foto: Divulgação/Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro