sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Thomas W. Lawson: Como um magnata tornou a sexta-feira 13 um símbolo de azar

O excêntrico financista americano do século 19 ajudou a consolidar a data como um símbolo de azar com seu romance e sua controversa trajetória.

Imagem: jovemnerd.com.br

A superstição associada à sexta-feira 13, amplamente disseminada na cultura moderna, tem suas raízes entrelaçadas com a figura do excêntrico magnata Thomas W. Lawson. Embora a crença no azar ligado a esta data tenha origens antigas, Lawson desempenhou um papel crucial em fixar a superstição na consciência coletiva com seu romance “Sexta-feira 13”, publicado em 1907.

O livro, que conta a história sombria de um corretor de Wall Street que manipula ações para se vingar de inimigos, capturou a imaginação do público e associou de forma indelével a data ao azar. Segundo Steve Roud, autor do guia “Superstições da Grã-Bretanha e Irlanda”, a crença em sexta-feira como um dia de má sorte remonta à época da crucificação de Jesus Cristo, onde as sextas-feiras eram vistas como dias de penitência. Por sua vez, o número 13 começou a ser associado ao azar em lendas urbanas, como a crença de que ter 13 pessoas à mesa dava azar, e as referências bíblicas, como o número de pessoas na Última Ceia.

Lawson não apenas consolidou a associação da sexta-feira 13 com o azar através de sua obra literária, mas também, curiosamente, viveu uma série de eventos que pareciam confirmar essa superstição. Em uma coincidência notável, poucos meses após o lançamento de seu livro, na sexta-feira 13 de dezembro de 1907, um navio de grande porte que ele havia mandado construir e que levava seu nome afundou. Embora o naufrágio tenha ocorrido nas primeiras horas do sábado, em Boston ainda era sexta-feira 13.

Nascido em 1857 em Charlestown, Massachusetts, Lawson teve uma vida marcada por extremos. Após perder seu pai, um veterano da Guerra Civil, ele começou a trabalhar jovem e rapidamente se destacou no mercado financeiro. Apesar de seu talento para especulação e manipulação de ações, sua fortuna foi construída através de práticas questionáveis. Ele foi um dos principais arquitetos da Amalgamated Copper Company, uma operação que prometia monopolizar a indústria de cobre, mas acabou sendo criticada por muitos como uma manobra financeira desonesta.

Lawson também foi um dos primeiros a expor os abusos de Wall Street em seus escritos, incluindo a série de artigos e o livro “Finanças Frenéticas”, onde detalhava as práticas corruptas que ele mesmo ajudara a perpetuar. Sua tentativa de reformar o sistema financeiro, no entanto, não teve o impacto desejado e sua fortuna começou a declinar na década de 1920.

O legado de Lawson é complexo. Embora tenha sido marginalizado no final de sua vida e tenha morrido em 1925 em relativa pobreza, sua influência persiste. Ele é lembrado tanto por suas contribuições ao mercado financeiro quanto por suas tentativas de reforma. Curiosamente, algumas de suas inovações ainda impactam o cotidiano moderno, como o modelo de sofá projetado por ele, que permanece popular nos Estados Unidos.

O impacto de Thomas W. Lawson na superstição da sexta-feira 13 e no mundo financeiro é um lembrete de como figuras excêntricas podem moldar a cultura e a economia de maneiras inesperadas e duradouras.

Fonte: BBC