A arte feita em Sete Lagoas cruzou novos palcos neste fim de semana. Representando a cidade no 21º Festival de Inverno de São Gonçalo do Bação, distrito de Itabirito, a Preqaria Cia de Teatro foi responsável pela abertura do evento com o espetáculo “SAGA – Uma história do povo preto”, uma montagem potente que convida o público a refletir sobre a trajetória do povo negro no Brasil e suas reverberações na sociedade atual.
A apresentação, que mistura história, mitologia africana, teatro de sombras e objetos, tem como base a cosmovisão africana e percorre desde o período da escravização até os dias atuais, em que o racismo estrutural ainda marca de forma profunda o cotidiano de milhões de brasileiros. Com linguagem acessível e visualmente rica, a peça dialoga também com crianças e adolescentes, já tendo sido assistida por mais de cinco mil estudantes em escolas.
Em cena, Nathan Brits e João Valadares assumem a condução da narrativa como “viajantes da memória espiralar”, evocando vozes silenciadas ao longo dos séculos. A dramaturgia aberta e o uso de máscaras e recursos visuais tornam a experiência não apenas educativa, mas sensível e imersiva. Um dos momentos mais marcantes é a reinterpretação da história de Ananse, o Deus Aranha da África Central, personagem astuto que desafia forças maiores com inteligência e persistência.
A Preqaria, que desde 2014 tem sede em Sete Lagoas, construiu um legado de transformação cultural na cidade. Fundada em Belo Horizonte em 2006, a companhia já realizou parcerias com artistas internacionais, acumulou prêmios e, sobretudo, deixou sua marca com iniciativas como a “Temporada de Teatro de Sete Lagoas” e a Escola Livre de Artes, que há 15 anos forma novos artistas e cidadãos.
Ao levar “SAGA” para o festival em Itabirito, a Preqaria não apenas reafirma seu compromisso com a arte crítica e inclusiva, mas também posiciona Sete Lagoas como um polo de produção teatral relevante em Minas Gerais.












