*Crítica de Wellberty Hollyvier D’Becker.
Geralmente, crítica e público andam juntos, mas há exceções, como no caso de Venom, em que a crítica foi desfavorável enquanto o público o adorou, o que levou à produção de uma trilogia de sucesso crescente. Em contrapartida, também existem casos onde a crítica elogia demais um filme, enquanto o público não se identifica tanto. Blade Runner 2049 é um exemplo, assim como Pisque Duas Vezes, que teve uma recepção positiva entre os críticos, mas não conquistou o público. Como crítico desde 1997, preciso discordar dos meus colegas: este filme é uma decepção.
Nada se salva aqui. As atuações são tão rasas quanto um pires; parece que alguns atores aceitaram o projeto por pura necessidade. Genna Davis, Cristian Slater, Haley Joel Osment e Channing Tatum não têm papéis memoráveis, nem diálogos interessantes. Tudo é superficial e irritante. A comparação com o filme Corra feita por alguns críticos é, no mínimo, incompreensível.
Zoë Kravitz estreia na direção e também como roteirista, mas talvez devesse continuar apenas na atuação. Seu primeiro filme é uma confusão com um desfecho que não faz o menor sentido. Dizer que o filme é ruim é quase elogio, pois ele teria que melhorar muito para chegar a esse nível.
A história começa com o magnata da tecnologia Slater King (Channing Tatum), que encontra a garçonete Frida (Naomi Ackie). A química entre os dois é imediata, e, de repente, ele a convida, junto com uma amiga, para sua ilha particular. Para surpresa de todos, elas aceitam sem qualquer planejamento.
Nos primeiros 51 minutos, ABSOLUTAMENTE NADA acontece. Apenas cenas de festas, bebidas e conversas sem graça. Nessa altura, eu me perguntava: por que estou perdendo meu tempo com isso? O que justifica tanto alarde em torno dessa produção? A partir desse ponto, a trama começa a se desenrolar, mas a história tem mais furos que um queijo suíço.
Quando se espera que o terceiro ato compense o marasmo dos anteriores, o filme decepciona ainda mais. Não há inovação nem sequer uma reciclagem interessante de ideias; são apenas diálogos e cenas de ação sem contexto. Filmes ruins fazem parte do cinema, mas fazia tempo que eu não via algo tão lamentável. A trilha sonora é medíocre, a direção de arte pobre, e o figurino sem qualquer inspiração. O título Pisque Duas Vezes sugere um terror, mas o filme não apresenta qualquer elemento de horror, sendo apenas entediante. Com atuações exageradas e uma premissa fraca para sustentar 1h43 de duração, imagino como foi a reunião para aprovar o projeto. Reuniram Channing Tatum, símbolo sexual, Haley Joel Osment, o garoto de O Sexto Sentido, que já perdeu o brilho, Cristian Slater e a premiada Geena Davis, e decidiram que o carisma do elenco compensaria o roteiro incoerente. Mas, infelizmente, não deu certo.
Pisque Duas Vezes está disponível no Prime Video. Nota: 1,5/10.