A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) afirmou que acompanha com atenção os desdobramentos sobre a possível taxação de 25% nas exportações de aço e alumínio para os Estados Unidos. Segundo a entidade, essa medida, se implementada, trará impactos negativos, considerando que as exportações desses produtos para o mercado norte-americano são expressivas para a economia brasileira.

A FIEMG pondera, por outro lado, que, por se tratar de uma taxação aplicada a todas as economias e não exclusivamente ao Brasil, o cenário colocaria os países em condições de concorrência mais equilibradas. O presidente da entidade, Flávio Roscoe, afirma que a expectativa é de que o Brasil não seja prejudicado de forma significativa.
“O melhor cenário para o Brasil neste momento seria, efetivamente, uma concessão que nos daria uma vantagem no mercado americano frente aos outros concorrentes. Esse é um mercado relevante, muito grande e, para Minas Gerais especificamente – que é o maior polo siderúrgico do país –, a medida é ainda mais impactante, já que somos o maior exportador de produtos siderúrgicos para os Estados Unidos“, declarou Flávio Roscoe em entrevista aos âncoras Mílton Jung e Cássia Godoy no Jornal da CBN,, refletindo a preocupação do setor siderúrgico brasileiro com o novo decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos.
Flávio Roscoe acredita que é hora da negociação entrar em linha, tanto as empresas acionarem nas suas parceiras nos Estados Unidos, como também o próprio governo brasileiro dialogar com o governo americano para tentar conseguir essas concessões ao Brasil.
A decisão pode afetar significativamente a indústria siderúrgica de países como México, Canadá e Brasil. A medida faz parte das promessas de campanha de Trump, que defende a taxação de produtos estrangeiros para fortalecer a indústria americana.
Brasil deve ser um dos países mais impactados
O Brasil, que em 2024 foi o segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos – atrás apenas do Canadá –, deve ser um dos países mais afetados pela nova política tarifária. Segundo um relatório recente da Câmara Americana de Comércio para o Brasil, os produtos semiacabados de ferro ou aço ocupam o segundo lugar na lista dos itens mais exportados pelo Brasil para o mercado americano. Em 2024, o volume total de exportações do setor chegou a US$ 3,5 bilhões.
Para o economista Roberto Giannetti da Fonseca, ex-secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior do Brasil, a medida pode levar à perda de competitividade das siderúrgicas brasileiras e também a um aumento da inflação ao consumidor nos Estados Unidos.
Já o economista Eduardo Giannetti interpreta a criação das novas tarifas como uma tentativa de revitalizar a indústria siderúrgica americana, especialmente nos estados da região conhecida como “Cinturão da Ferrugem”, onde Trump prometeu impulsionar o setor durante sua campanha.
Negociação pode ser a saída
Diante do impacto da decisão, Flávio Roscoe acredita que este é o momento de intensificar as negociações. “As empresas devem acionar seus parceiros nos Estados Unidos, e o governo brasileiro precisa abrir diálogo com o governo americano para tentar garantir concessões ao Brasil”, defendeu o presidente da FIEMG.
O economista Eduardo Giannetti também sugere que o Brasil busque negociar a isenção do imposto sobre placas de aço, matéria-prima essencial para indústrias americanas como a automotiva.
Já o ex-secretário de Comércio Exterior e advogado Welber Barral avalia que a medida anunciada por Trump desrespeita normas internacionais e enfraquece o sistema da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre quais medidas pretende adotar em resposta ao decreto.
Ele reitera que é preciso aguardar quais medidas serão tomadas.