O Vaticano anunciou, nesta segunda-feira (21), o falecimento do Papa Francisco, aos 88 anos, em Roma. O comunicado foi feito pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Sé: “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que comunico a morte do nosso Santo Padre Francisco”. O pontífice morreu às 7h35 da manhã (horário local), após enfrentar complicações respiratórias e outras fragilidades de saúde nos últimos meses.

Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, foi um papa que fez história. O primeiro latino-americano e o primeiro jesuíta a liderar a Igreja Católica, ele assumiu o papado em março de 2013, sucedendo Bento XVI. Desde então, marcou seu pontificado com uma abordagem mais próxima dos pobres, aberta ao diálogo com diferentes culturas e realidades sociais, e com gestos simbólicos de simplicidade e humildade — como dispensar o palácio papal e optar por viver na Casa Santa Marta, no Vaticano.
Ao longo de 11 anos à frente da Igreja, Francisco se destacou por defender uma visão pastoral centrada na misericórdia e na inclusão, especialmente dos mais vulneráveis. Seu pontificado buscou reformar estruturas internas do Vaticano, aproximar a Igreja de fiéis distantes e provocar reflexões sobre temas contemporâneos, como mudanças climáticas, desigualdade social, migração e acolhimento.

Nos últimos tempos, no entanto, a saúde do Papa vinha inspirando cuidados. Após uma longa internação no Hospital Gemelli, iniciada no início do ano, Francisco foi diagnosticado com pneumonia nos dois pulmões. A condição exigiu ventilação mecânica não invasiva, transfusões de sangue e cuidados intensivos. Embora tenha apresentado momentos de melhora, os médicos mantiveram o prognóstico como “reservado”.
Mesmo diante da fragilidade física, Francisco chegou a gravar mensagens de agradecimento aos fiéis pelas orações. O carinho que recebia do povo traduzia a imagem que construiu: a de um líder espiritual que, apesar da estrutura centenária e conservadora da Igreja, ousou olhar o mundo nos olhos — com escuta, afeto e coragem.
Sua morte encerra um dos pontificados mais simbólicos das últimas décadas. O legado de Francisco ultrapassa fronteiras religiosas e deixa marcas profundas na relação entre fé, humanidade e justiça social.
