domingo, 15 de setembro de 2024

Onda de calor intensa em setembro: Brasil entre os países mais quentes? Especialistas debatem os riscos à saúde

Sete Lagoas amanheceu acinzentada nesta quarta-feira(4). Tempo seco favorece o acúmulo de poluição na atmosfera. Foto: Marcilio Camargos / Coletivo Interiorizar

A forte onda de calor que segue elevando as temperaturas em boa parte do país fez com que uma dúvida circulasse na internet nos últimos dias: afinal, o Brasil é o país mais quente do mundo nesta semana?

Apesar das altas marcas registradas pelos termômetros, com máximas superando os 40°C em algumas regiões, os meteorologistas ainda não têm um consenso sobre se o país poderia ser apontado como o mais quente do planeta nesse período.

Para Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo, esse tipo de afirmação não procede. Ele comenta que a maior temperatura registrada nos próximos dias deve ser na casa dos 42°C – abaixo do que vem sendo observado em países da Ásia e do Oriente Médio, com máximas que superam os 44°C.

Já Maria Clara Sassaki, especialista em meteorologia, afirma que a situação pode acontecer.

Ela explica que os modelos meteorológicos do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF) e do Global Forecast System (GFS) destacam o calor previsto para o Brasil nos próximos dias.

“De acordo com os modelos, os únicos países que podem ter temperaturas semelhantes às do Brasil são a Arábia Saudita e regiões perto do Egito e da Líbia”, afirma.
Caso se confirme, não será a primeira vez que o país ocupa as primeiras posições entre os mais quentes do mundo. Em 2023, o mesmo alerta surgiu em meio às ondas de calor do segundo semestre.

Para o meteorologista do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, Bruno Brainy, esse tipo de afirmação exige uma análise mais detalhada.

“É preciso bolar uma metodologia para entender isso. É a onda mais quente porque tem uma temperatura maior do que todas as outras ou é a temperatura média de uma área?”, questiona.
Maria Clara ainda afirma que os modelos mostram que, em termos de abrangência, não há uma área tão grande e quente quanto o Brasil nos próximos dias.

Outro ponto levantado por alguns meteorologistas é que, apesar de o país estar com máximas elevadas de forma geral, temperaturas acima de 40°C estão acontecendo de maneira pontual, em somente algumas cidades.

“Dizer que uma cidade brasileira pode estar no top 10 das mais quentes do mundo nesse período pode ser mais plausível, porque alguns locais devem seguir tendo marcas superiores a 40°C”, analisa Luengo.
Luengo ainda pontua que, para padrões brasileiros, essa onda de calor realmente vai ser muito intensa, o que pode trazer riscos à saúde. Mas, para ele, o fenômeno não deve colocar o país entre os mais quentes do planeta.

Ar muito seco
Com a sequência de dias de calor e falta de chuva, condição que deve se mantar nos próximos dias, a umidade relativa do ar deve seguir baixa em boa parte do país.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a região Sudeste e parte do Centro-Oeste devem ser os locais mais afetados.

Em cidades do norte do Paraná, São Paulo, sul de Minas Gerais, sul de Goiás, Mato Grosso do Sul, oeste do Mato Grosso, Rondônia e sul do Amazonas a umidade deve ficar entre 20% e 30%.

O tempo muito seco fez com que os incêndios voltassem a se intensificar neste início de semana. O estado de São Paulo decretou emergência por conta dos novos focos na terça-feira (3). Já em Minas Gerais, a capital mineira ficou encoberta pela fumaça das queimadas.

Além do prejuízo à qualidade do ar, com a maio concentração de poluentes, essa condição também aumento o risco para a saúde.

As principais recomendações para evitar os efeitos prejudiciais do tempo seco são:

Beber bastante líquido;
Evitar desgaste físico nas horas mais secas;
Evitar exposição ao sol nas horas mais quentes do dia.
Alívio momentâneo
Os modelos meteorológicos sugerem que essa onda de calor pode ser mais prolongada, com temperaturas elevadas até meados da segunda quinzena do próximo mês.

Mas, no fim dessa semana, algumas regiões podem ter um alívio bem breve no calorão.

No Sul, as temperaturas devem cair muito entre quinta (5) e sexta (6), com previsão até de geada para alguns locais. Segundo o Inmet, na sexta, as máximas não passam de 20°C em Porto Alegre e em Florianópolis.

São Paulo também deve ter queda nos termômetros no fim da semana. As máximas, que vêm superando os 30°C, também não supram os 20°C na sexta.

Mas os meteorologistas lembram que o refresco será realmente momentâneo. Já no sábado (7) as temperaturas voltam a subir nessas regiões.

Fonte: g1