
Por Fábio Pinheiro
Gestor e consultor empresarial
Em meio a tantos desafios internos, nem sempre percebemos como o Brasil é visto lá fora quando o assunto é empreendedorismo. Diversas publicações estrangeiras dedicadas ao ambiente de negócios e inovação já se debruçaram sobre o ecossistema brasileiro, apontando oportunidades, mas também destacando entraves estruturais que ainda precisam ser superados.

“O ambiente empreendedor brasileiro combina inovação, diversidade e superação de desafios estruturais, chamando a atenção de publicações estrangeiras.”
Um exemplo aparece na Forbes (edição norte-americana), que em artigo de 2023 ressaltou o potencial do Brasil como “um dos maiores mercados consumidores do mundo, com mais de 200 milhões de pessoas”, mas também alertou para as dificuldades no acesso ao crédito e à complexidade tributária que sufocam pequenos negócios (Forbes, “Brazil’s Growing Startup Scene Faces Big Hurdles”, 2023).
Outro olhar relevante vem do Financial Times, tradicional jornal britânico, que em reportagens publicadas em 2022 e 2023 abordou a ascensão de startups brasileiras de fintechs e agritechs, consideradas modelos de criatividade em mercados emergentes. Entretanto, o jornal pontuou que “o excesso de burocracia e a instabilidade regulatória ainda representam riscos significativos para investidores externos” (Financial Times, “Brazil’s Startups Thrive Despite Political Uncertainty”, 2022).
O relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM), elaborado em parceria com o Babson College nos Estados Unidos e divulgado em 2023, também trouxe uma visão otimista: o Brasil ocupa posição de destaque entre os países com maior taxa de intenção empreendedora, mostrando que o brasileiro continua sonhando alto mesmo diante de crises econômicas sucessivas (GEM Global Report 2023).
Já a revista The Economist, britânica, descreveu o empreendedor brasileiro como “resiliente e criativo”, porém frequentemente limitado pela carência de apoio técnico e educacional em gestão e planejamento de longo prazo (The Economist, “Brazilian Entrepreneurs: Big Dreams, Big Challenges”, 2023).
Uma visão ainda mais recente (2025)
Em janeiro de 2025, a Forbes voltou a se debruçar sobre o tema e trouxe um dado impressionante:
“Brazil has the highest percentage of early‑stage startup activity and established business activity in the world”
(Forbes, janeiro de 2025).
Isso significa que, de acordo com a publicação norte-americana, o Brasil lidera globalmente não apenas na criação de novos empreendimentos, mas também na manutenção de negócios já consolidados. Essa é uma notícia que reforça o potencial do nosso ecossistema, evidenciando o dinamismo e a força empreendedora do país — mesmo com todos os desafios estruturais ainda presentes.
Reunindo essas vozes estrangeiras, nota-se um consenso: o Brasil possui energia, talento e mercado para se tornar um dos grandes polos mundiais de empreendedorismo — mas precisa, urgentemente, tornar o ambiente de negócios menos hostil. O olhar externo não subestima a nossa capacidade de empreender, mas nos alerta que sem avanços estruturais continuaremos remando contra a maré, deixando boa parte de nosso potencial inexplorado.