terça-feira, 22 de outubro de 2024

Na relação custo/benefício, o Cruzeiro foi bom negócio para o Ronaldo e vice-versa | por Chico Maia

Ronaldo se deu muito bem com o Cruzeiro, mas também deixou marcas positivas

Foto: twitter.com/Cruzeiro/@ggaleixo

Antes da era SAF os números das transações do futebol já eram misteriosos, mesmo com algumas instâncias de fiscalização previstas, tipo conselhos fiscais e essas coisas. Com SAF, que tem dono, impossível completamente. Só é divulgado o que os donos e os diretamente envolvidos nos negócios querem.

É claro que Ronaldo lucrou muito nessa aventura, mas não foi ele quem procurou o Cruzeiro. Foi procurado, e assim como grande oportunista dentro dos gramados, ele é também nos negócios.

Se deu muito bem, porém, a sua rápida passagem como comandante geral da Raposa, deixou marcas positivas. Começando pelo seu prestígio internacional, que manteve o clube em evidência, mesmo com o time longe das principais competições. E o principal: a enxugada no quadro de funcionários. O Cruzeiro era um dos maiores cabides de emprego do Brasil, ao estilo das grandes estatais. Parentes, amigos e outros afilhados de dirigentes e conselheiros deitavam e rolavam.

Sem SAF seria impossível mandar embora tanta gente, já que os interesses eleitorais internos falavam mais alto. Conselheiro que tinha influência nas eleições do próximo presidente, apitava e indicava gente pra ser contratada e ser demitida.

A partir da SAF isso acabou e Ronaldo mandou passar o facão, sem dó. Inclusive nos privilégios de torcidas organizadas.

A rigor, só não deu certo porque ele não enfiaria a mão no bolso para montar times competitivos. Brigaria sempre na faixa intermediária da classificação, correndo risco de cair.

O Cruzeiro ficaria nessa, de se aproveitar de eventuais revelações que estourassem, mas já já vendidas.

As pessoas que ele designou para comandar o futebol se mostraram despreparadas, incompetentes, além de não terem lastro com o clube, tipo Elias, ex-Atlético, D’Alessandro, ex-Internacional e o próprio Paulo André, seu braço direito, que teve passagem rápida e apagada como jogador da Raposa. Autuori era exceção, mas parecia desmotivado, deixando as coisas acontecerem, acomodado.

Claro que o Pedro Lourenço não terá vida fácil para fazer o Cruzeiro brigar na parte de cima da tabela, porém, será seu único objetivo, já que neste primeiro momento não visa lucro com o novo negócio. Para isso, está se cercando de quem conhece o futebol e seus labirintos, como o Alexandre Matos, de competência incontestável.