quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Lições de solidariedade e reflexões sobre resiliência em tempos de crise

A psicóloga sete-lagoana Juliane Diniz analisa os impactos emocionais da tragédia no Rio Grande do Sul e ressalta a importância da resiliência e da ação coletiva diante da adversidade.

Solidariedade ao Rio Grande do Sul: como lidar com impactos emocionais em tempos de incerteza?

Por Juliane Diniz*

A tragédia vivenciada no Rio Grande do Sul em 2024, com enchentes devastadoras que destruíram comunidades e causaram perdas irreparáveis, nos traz uma reflexão profunda sobre como lidamos com a incerteza, a adversidade e a ansiedade. Como psicóloga, vejo na experiência coletiva que estamos vivendo uma oportunidade dolorosa, porém importante, para aprendermos sobre resiliência e reconstrução.

Vivemos tempos de incerteza, onde eventos naturais, crises políticas, econômicas e sociais provocam sentimentos de vulnerabilidade e impotência. A enchente no Rio Grande do Sul é um exemplo de como, em questão de horas, nossas vidas podem ser viradas de cabeça para baixo. O impacto emocional é imenso: perda de entes queridos, destruição de lares, interrupção de rotinas e sonhos. A sensação de segurança, algo que muitas vezes tomamos como garantido, é violentamente arrancada.

Mesmo nós, que estamos em Minas Gerais, não imunes a tais catástrofes, nos comovemos profundamente com a situação. Sentimos a dor de nossos compatriotas e, inevitavelmente, isso gera ansiedade. A ansiedade, no entanto, não deve ser vista apenas como uma vilã. Ela é uma resposta humana às ameaças percebidas, e pode servir como um alerta para a necessidade de ação. O desafio está em não permitir que essa ansiedade nos paralise, mas sim em canalizá-la de forma construtiva.

A resiliência surge como uma habilidade essencial para navegar essas águas turbulentas. Não se trata de ignorar a dor ou a tristeza, mas de encontrar formas de seguir em frente, mesmo quando tudo parece perdido. A resiliência é construída através de redes de apoio, seja na família, entre amigos ou na comunidade. A solidariedade que temos visto no Rio Grande do Sul, com pessoas ajudando umas às outras, é um testemunho poderoso da capacidade humana de se unir em tempos de crise.

Parte do processo de lidar com a adversidade é a busca por planos de reconstrução. Reconstruir não é apenas uma ação física, de reparar casas e infraestrutura, mas também um processo emocional e psicológico. É importante que, ao pensarmos em reconstrução, consideremos o bem-estar mental das pessoas afetadas. A criação de espaços seguros para a expressão de emoções, o acesso a suporte psicológico e a implementação de programas comunitários de fortalecimento emocional são passos vitais para a recuperação completa.

Além disso, é fundamental que incorporemos lições de prevenção e preparação para futuras adversidades. O planejamento urbano, as políticas ambientais e a educação sobre gestão de riscos devem ser prioridades para minimizar os impactos de eventos semelhantes no futuro.

Em última análise, a tragédia no Rio Grande do Sul nos convida a uma reflexão sobre a fragilidade da vida e a importância de estarmos preparados para o inesperado. Devemos cultivar a resiliência, não apenas em resposta às crises, mas como uma prática contínua, que nos permita viver com mais equilíbrio e esperança, mesmo diante das incertezas que o futuro nos reserva.

Que possamos aprender com esta tragédia e sair dela mais fortes, mais unidos e mais conscientes do poder transformador da empatia e da ação coletiva. Afinal, é na adversidade que muitas vezes encontramos as forças para construir um futuro melhor.

*Juliane Diniz é psicóloga, apaixonada pelo estudo do comportamento humano. Em 2019, graduou-se na Faculdade Ciências da Vida. Atualmente, se dedica à psicologia clínica, onde oferece atendimento psicoterapêutico individualizado, utilizando a abordagem da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).
Sua jornada profissional inclui experiências enriquecedoras, como psicóloga educacional e em áreas organizacionais. Cada uma delas reforçou a convicção de que a psicologia é a sua verdadeira vocação e fonte de felicidade.
Além disso, Juliane é pós-graduada em Neuropsicopedagogia e Terapia Cognitivo-Comportamental. Está em constante busca por conhecimento e experiências que contribuam para o seu autodesenvolvimento e para promover o bem-estar e a qualidade de vida de outras pessoas.