sexta-feira, 26 de julho de 2024

Governos Federal e estadual podem firmar parceria para impulsionar a “Escolinha da Cemig” com cursos técnicos e superiores

A apreensão da população de Sete Lagoas em relação ao futuro da Universidade Corporativa da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), pode estar chegando ao fim, com a possibilidade de um acordo entre os governos do estado e federal.

A UniverCemig, nome oficial da escola, considerada referência nacional e internacional, foi criada em 1967

Na manhã desta segunda-feira (25/3), o prefeito Duílio de Castro, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT), o presidente da Câmara Municipal, vereador Caio Valace, além do reitor do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), Rafael Bastos Teixeira estiveram no local, no bairro Santa Helena, porém, como não agendaram a visita, foram impedidos de entrar.

O objetivo seria ver as atuais condições do imóvel, já que o governo federal pensa utilizar o espaço para o funcionamento de parte do Instituto Federal de Sete Lagoas, unidade de ensino anunciada recentemente pelo Ministério da Educação.

A UniverCemig, nome oficial da escola, considerada referência nacional e internacional, foi criada em 1967 e é responsável pela capacitação dos trabalhadores da empresa para atuar em atividades do setor elétrico, como a distribuição, a transmissão e a manutenção. Porém, nos últimos anos, a escola tem sofrido com o desinvestimento e constantes boatos de fechamento.

Este mês, o Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética (Sindieletro/MG), através do seu representante Jefferson Leandro, esteve lá e afirmou que o local está sofrendo um processo de precarização. “Se fechar, vai refletir na redução da boa qualidade da energia disponibilizada. O desmonte da escola faz parte do modelo de administração privada que está em curso na empresa”, avalia.

No segundo semestre de 2022, a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) recebeu uma denúncia de que os alunos teriam recebido refeições estragadas, e de que as dependências da instituição estariam mofadas, com infiltrações.

Em visita técnica, a comissão apurou que, na época, a média de 600 alunos caiu para 100 e o número de formadores diminuiu de 60 para 12. “Constatamos uma série de problemas estruturais e de ordem política, mesmo aqui sendo o maior centro de treinamento do tipo da América Latina. A UniverCemig já chegou a ter mais de 1000 alunos e agora não chega nem a 80. O que nos parece é que a prática adotada aqui é uma preparação para o processo de privatização da empresa”, disse o deputado estadual Betão (PT) na ocasião.

Já o deputado federal Reginaldo Lopes, que não teve o acesso liberado à instituição na última segunda-feira (24/03), disse que o governo federal iniciou diálogo com a direção da estatal. “O governo federal tem interesse em fazer uma parceria com a Universidade da Cemig para ofertar alguns cursos. Então, como a escola tem muita expertise em energia, energias renováveis e gestão, poderia dar uma boa parceria com o Instituto Federal e Prefeitura de Sete Lagoas. Precisamos conhecer a infraestrutura e então, oficialmente, estabelecer uma parceria”, afirmou Lopes.

Segundo o deputado, é interesse do governo federal oferecer no local ensino técnico, tecnológico e também cursos superiores na área da Engenharia. “A ideia é nova, o Instituto Federal deve funcionar provisoriamente na Escola Técnica de Sete Lagoas, e por que não, também nos espaços ociosos da Universidade da Cemig. Vamos abrir esse diálogo, porque será muito bom para a população sete-lagoana e também de toda região”, finalizou Reginaldo Lopes.

O presidente da Câmara Municipal, vereador Caio Valace, também se manifestou a respeito. “Estou requerendo junto ao governo do Estado, Assembleia Legislativa de MG e Prefeitura para que o imóvel seja cedido para o governo federal implantar o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais em Sete Lagoas. O Instituto Federal é de interesse da população sete-lagoana e também de toda a região, e já foi anunciado. Vamos trabalhar por isso, porque hoje a Escolinha da Cemig está sub utilizada, o que é um desperdício”, ressaltou.

O QUE DIZ A CEMIG

Através de sua assessoria de imprensa, a Cemig informa que atualmente a UniverCemig funciona como centro de excelência que promove e coordena ações de educação corporativa para todas as áreas e funções da Companhia (técnico-operacionais, negócios e liderança), com quadro de instrutores próprios compatível com as necessidades da empresa. Em nota, informa que “a educação corporativa passa atualmente por uma reestruturação, com o objetivo de responder com prontidão ao dinamismo das demandas dos negócios e dos empregados, observando boas práticas, aplicáveis ao contexto da companhia, visando assegurar as competências e a segurança da força de trabalho”.

Em relação à formação de alunos, a assessoria ressalta que a UniverCemig está em plena atividade, tendo promovido, entre os anos de 2019 e 2023, “a capacitação de 9.500 treinandos por ano, em média, de áreas técnico-operacionais, de negócios e de liderança, contando com uma equipe funcional adequada”. A Cemig informou ainda que parte da estrutura do campus está sendo ativamente utilizada e encontra-se em plenas condições de funcionamento.

Sobre a possibilidade do fechamento da escola, ou transferência para outro local ou outra cidade, a Cemig informa que não existe nenhuma sinalização nesse sentido, bem como nada relacionado à venda do imóvel para empreendedores do mercado imobiliário, que estariam interessados no terreno para a instalação de um condomínio residencial de alto padrão.