A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pegou muitos setores de surpresa. No entanto, uma exceção importante ao tarifaço animou a economia de Sete Lagoas e região: o ferro-gusa está fora da nova taxação. A notícia foi confirmada nesta quarta-feira (30) e caiu como um alívio para empresas exportadoras da cadeia do gusa no Centro-Oeste mineiro.
Responsável por uma fatia significativa das exportações locais e elemento-chave da indústria siderúrgica, o ferro-gusa é utilizado na fabricação de aço e outros metais em larga escala. A manutenção de sua isenção tarifária garante fôlego para um setor que já enfrenta altos custos de produção, oscilação cambial e concorrência global.
Na prática, a decisão dos EUA mantém abertas as portas para as empresas brasileiras que produzem e exportam o gusa, principalmente as que têm no mercado norte-americano seu principal destino. A medida também inclui outros produtos minerais e metálicos, como silício, alumina e estanho.
Sete Lagoas, tradicional polo da indústria de base, tem na produção de gusa uma atividade relevante para a geração de empregos, arrecadação de impostos e dinamização da economia regional. A permanência do produto na lista de isentos deve garantir estabilidade nos contratos internacionais, pelo menos por ora.
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), embora tenha criticado o tarifaço por fragilizar as relações bilaterais, destacou a importância de manter canais de diálogo abertos entre os dois países. Uma pesquisa da entidade mostra que 86% das empresas acreditam que medidas de retaliação poderiam agravar ainda mais a situação e prejudicar setores estratégicos dependentes de insumos dos EUA.
Outro ponto importante do decreto assinado por Trump é que os produtos que já estavam em trânsito antes da vigência da nova regra e que cheguem aos Estados Unidos até 5 de outubro também estarão livres da tarifa, garantindo uma espécie de “janela de segurança” para embarques em andamento.
Em um cenário global já instável, a permanência do ferro-gusa fora da lista de produtos tarifados soa como uma vitória momentânea, e estratégica, para a economia regional.
