quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Expansão da Oficina de Horticultura do Centro Socioeducativo de Sete Lagoas gera colheita recorde

Ampliação do espaço da oficina de Horticultura em quase 20 vezes proporcionou colheita recorde; atividade reforça valores de serviço e cuidado com a comunidade

Mais de uma tonelada de legumes e hortaliças foram doadas pelo Centro Socioeducativo de Sete Lagoas para instituições sociais e beneficentes do município. Familiares de jovens internados na unidade também receberam os alimentos, cultivados pelos filhos que buscam um futuro diferente e melhor depois do cumprimento da medida socioeducativa. A doação recorde foi possível depois da ampliação do projeto, cuja área de cultivo cresceu quase 20 vezes.

A atividade de plantio, além de ensinar boas práticas, promove a inclusão dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa no cuidado com a terra e na produção de alimentos. “Essas atividades são fundamentais para a reintegração social dos adolescentes, reforçando valores de serviço e cuidado à comunidade”, destacou a subsecretaria de Atendimento Socioeducativo, da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Giselle Cyrillo.

Expansão

O projeto, que segue sendo ampliado, teve a área de plantio aumentada de 141 m² para impressionantes 2.700 m², permitindo o cultivo de uma variedade ainda maior de hortaliças, legumes, frutas e ervas medicinais. 

Um dos destaques da ação é a construção de um berçário de mudas, prevista para ser finalizada em aproximadamente 20 dias. Além disso, o pomar e a horta de plantas medicinais estão sendo revitalizados para garantir a doação dos itens produzidos.


A oficina, que atualmente conta com a participação de 10 adolescentes, tem como meta incluir todos os jovens atendidos pelo centro. A expansão do espaço e a reorganização das atividades permitirão que mais adolescentes participem do ciclo completo de cultivo, desde a preparação da terra até a colheita.

Raquel Dias, diretora-geral do Centro Socioeducativo de Sete Lagoas, destacou que “a expansão do projeto permite que os adolescentes desenvolvam um novo olhar sobre o meio ambiente e sua responsabilidade social, ressignificando seu papel na sociedade e beneficiando a comunidade local”.


Benefícios para todos
Para os jovens, a atividade proporciona benefícios emocionais, desenvolve o senso de responsabilidade, o interesse pela agricultura,  e fortalece o vínculo com a comunidade. Os adolescentes envolvidos relatam vantagens da oficina. Pedro Sampaio*, de 19 anos, disse: “Cultivar a horta me ajudou a aliviar a mente. É terapêutico”.  Túlio Resende*, de 17 anos, complementou: “Além disso, as doações para instituições carentes são importantes. Sempre é bom ajudar o próximo, pois sabemos como é difícil sustentar uma família”. Silvio Pereira*, de 18 anos, acrescentou: “A horta também apoia nossas famílias. Muitas necessitam de ajuda, e a doação proporciona alimentos de qualidade”.


Uma equipe de servidores é responsável por orientar os trabalhos, desenvolver a parte prática com os jovens e acompanhar as ações dos parceiros que cuidarão da parte teórica. O agente socioeducativo Leandro Cesar é um dos profissionais envolvidos. Ele relatou que, desde criança, gosta de lidar com a terra e com a natureza. Leandro compartilhou como a iniciativa também foi significativa para sua recuperação pessoal. 

“Nos últimos anos enfrentei muitas perdas na família, o que me abalou bastante. Mas, nesse momento difícil, fui convidado a integrar o projeto. A partir daí, foi muito trabalho duro e uma melhora na saúde mental. Trabalhar com a terra me aproximou de uma conexão profunda com a natureza. No fim, tudo se tornou poético. De uma terra seca e árdua, conseguimos produzir verduras que alimentam pessoas e instituições. Do caos nasceu a reflexão. Da secura, o alimento. Da doença, a saúde. E do vazio, a fé”.

O que dizem as instituições sociais


A gerente administrativa da APAE Sete Lagoas, Denise Santos, destacou a importância das doações para a instituição. “Elas ajudam a nutrir os assistidos da APAE  que almoçam na instituição”.

Cíntia Belino, nutricionista do Hospital Nossa Senhora das Graças, também ressaltou a relevância. “Toda doação é muito bem-vinda. Recebemos alface, rúcula, cheiro verde, abobrinha… Tudo de extrema importância para a refeição dos pacientes”.

Integração com outras atividades
A integração das atividades da Oficina de Horticultura com outras oficinas do centro, como a de Cozinha Experimental e a de Informática, potencializa os resultados. Na Cozinha Experimental, os alimentos colhidos são utilizados em confraternizações com as famílias dos adolescentes, criando um ciclo completo de produção e consumo sustentável. Na oficina de Informática, os jovens aprendem a criar materiais informativos sobre alimentação saudável, contribuindo para a conscientização dentro e fora da unidade.

*Nomes fictícios para preservar a identidade dos adolescentes, conforme recomendação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Texto: Dayana Silva
Fotos: Divulgação Sejusp