E lá foi o Chafith Felipe, um dos grandes nomes da formação de jogadores no Brasil

por Chico Maia
26 de dezembro de 2024

No início de 1998, Chatih Felipe, primeiro à esquerda, depois de reunião com Paulo Maciel (direita), Secretário Municipal de Esportes de Sete Lagoas, que confirmou a cidade como uma das sedes da Taça BH de juniores daquele ano. Entre eles, eu e o Flávio Anselmo, então chefe da assessoria de imprensa da FMF. (Foto do jornal Sete Dias)

Acabo de tomar conhecimento, por meio do jornalista Thiago Nogueira, da morte do Chafith Antônio Felipe Filho, um dos maiores cruzeirenses que tive o prazer de conhecer. Natural de Raul Soares (230 Km de BH, entre Manhuaçú e Caratinga), tinha 80 anos de idade.
Maior defensor da tese de que os grandes clubes de Minas têm é que investir na revelação e formação de jogadores da base, já que jamais terão condição de competir em condições razoáveis, com os concorrentes do Rio e São Paulo, que são muito mais endinheirados.
Excelente diretor das categorias de base do Cruzeiro nos anos 1980. Tão competente que o Atlético o buscou para reconstruir a sua base nos anos 1990, mesmo sendo ele um apaixonado cruzeirense.
Criador da Taça BH de juniores, que envolvia não só Belo Horizonte, mas cidades das mais diversas regiões do interior de Minas. Ele tinha uma convicção, da qual sou adepto, que o nosso estado tem talentos suficientes para abastecer os nossos clubes, mas que precisam ser descobertos e ter oportunidades de verdade. Minas Gerais é um país dentro do Brasil, também no futebol, mas não põe em prática o desenvolvimento da riqueza que tem.
A Taça BH, cuja primeira edição foi disputada em 1985, era um sucesso absoluto. Segunda principal competição da categoria na América do Sul, atrás apenas da Copa São Paulo. Em princípio organizada pelo Cruzeiro, já que o Chafith era diretor lá. Cresceu tanto que foi encampada pela Federação Mineira de Futebol (FMF).
Os maiores clubes do Brasil participavam e as cidades sedes, do interior, tinham seus times locais previamente credenciados a disputá-la. Em 2013, o Chafith teve que se afastar da coordenação por causa de problemas de saúde.
Até 2014 era sub-20, mas a partir de 2015 sub-17, quando começou a perder atratividade, em função da entrada dos interesses comerciais das redes de televisão, sintonizadas com empresários do mundo do futebol e CBF.
A última edição foi em 2018, com o Atlético campeão, Fluminense vice, São Paulo e Vasco na sequência.
O corpo do Chafith será velado nesta sexta-feira (27), de 10 às 14 horas, no Bosque da Esperança/sala 5, em Belo Horizonte. Sepultamento às 14 horas.

Descanse em paz, caro Chafith, e até um dia!