Desacelerar para não adoecer: saiba quais são os sinais antes do burnout

Compreender e reconhecer os sinais pode prevenir o esgotamento total.

Imagem: Correio Braziliense

Com rotinas de trabalho exaustivas e crescentes demandas, estados de esgotamento físico e mental tornaram-se frequentes, popularizando o termo burnout. Menos conhecido, porém, é o burnon — uma condição estudada como o estágio anterior ao esgotamento total. Compreender essa fase pode ser crucial para evitar danos mais graves à saúde mental e física.

O que é burnon?

Segundo a psicanalista clínica Mariana Frota Sellva, o burnon é caracterizado por um período de máximo desempenho e dedicação. O indivíduo está sempre disponível para o trabalho, mas já começa a mostrar sinais de desgaste. “Sem descanso ou autocrítica, ele se torna mais eufórico ao realizar atividades, sem tempo para respirar. Logo depois, vem o burnout, que é a ausência completa de energia”, explica Sellva.

No burnon, o indivíduo tende a ignorar suas próprias necessidades de descanso e lazer, priorizando constantemente as demandas profissionais. Esse comportamento é frequentemente motivado por uma combinação de pressões externas, como prazos apertados e expectativas elevadas, e internas, como o perfeccionismo e o desejo de reconhecimento.

Sinais de burnon

Reconhecer os sinais de burnon pode ajudar a prevenir o avanço para o burnout. Alguns dos principais sinais incluem:

  • Euforia excessiva: Sensação de estar constantemente “ligado” e entusiasmado com o trabalho.
  • Falta de descanso: Dificuldade em desconectar-se do trabalho, mesmo fora do horário de expediente.
  • Negligência de necessidades básicas: Esquecer de se alimentar adequadamente, dormir pouco e evitar atividades de lazer.
  • Redução da autocrítica: Não perceber o próprio desgaste, acreditando que é possível continuar em ritmo acelerado indefinidamente.

O caminho do burnon ao burnout

O burnon e o burnout estão interligados. Antes do burnout, geralmente há uma fase de dedicação extrema ao trabalho, que aumenta a produção, mas não necessariamente a satisfação. Eventualmente, corpo e mente atingem o limite. “O burnout é um processo crônico, a reta final de um estresse superelevado que provoca esgotamento mental”, detalha Sellva.

Durante o burnon, a produtividade pode ser alta, mas vem acompanhada de uma crescente sensação de desgaste. O indivíduo pode começar a sentir uma diminuição na satisfação com o trabalho, apesar de continuar produzindo em altos níveis. Esse paradoxo — alta produção com baixa satisfação — é um indicador claro de que o burnon está evoluindo para burnout.

Prevenção e gestão do burnon

Prevenir o burnon requer uma abordagem proativa tanto por parte dos indivíduos quanto das organizações. Algumas estratégias eficazes incluem:

  • Autoavaliação regular: Monitorar os próprios níveis de estresse e satisfação com o trabalho.
  • Pausas e descanso: Garantir que há tempo suficiente para descanso e lazer, mesmo durante períodos de alta demanda.
  • Definição de limites: Estabelecer limites claros entre vida profissional e pessoal para evitar sobrecarga.
  • Suporte organizacional: Empresas devem promover um ambiente de trabalho saudável, oferecendo recursos para a gestão do estresse e incentivando um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Conclusão

Compreender e reconhecer o burnon pode ser crucial para evitar o esgotamento completo e suas graves consequências para a saúde mental e física. A identificação precoce dos sinais de burnon e a implementação de estratégias de prevenção e gestão podem ajudar indivíduos e organizações a manter um ambiente de trabalho saudável e produtivo. O equilíbrio entre dedicação e descanso é fundamental para sustentar a produtividade e a satisfação a longo prazo.