segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Das críticas mais contundentes e sensatas que já li sobre Ronaldo e o Cruzeiro | por Chico Maia

O então presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues e Ronaldo no dia da apresentação do ex-jogador como dono da SAF, em 18 de dezembro de 2021. Foto: divulgação/instagram

Está no portal da ESPN, dia 18 de dezembro de 2021:

“Há 16 dias, Ronaldo falou que Cruzeiro pode ser ‘máquina de fazer dinheiro’: ‘Não precisa ser gênio’ – Exatos 16 dias antes de comprar o Cruzeiro, Ronaldo já falava sobre a rentabilidade do clube que o revelou. No dia 2 de dezembro, em entrevista ao Flow Sport Club, o Fenômeno disse que a Raposa poderia ser ‘uma máquina de fazer dinheiro’ com uma boa gestão.

“O futebol é rentável. Uma base de dados como o Cruzeiro tem é uma máquina de fazer dinheiro. Fazendo minimamente bem, não precisa ser um gênio, vai dar certo”…

https://www.espn.com.br/futebol/artigo/_/id/9688744/ha-16-dias-ronaldo-falou-cruzeiro-pode-ser-maquina-fazer-dinheiro-nao-precisa-ser-genio

O Cruzeiro é o terceiro colocado do Grupo B da Copa Sul-americana (Foto: twitter.com/SudamericanaBR)

Quando ninguém esperava e muito menos sonhava que o Cruzeiro se tornaria uma empresa, caiu como uma bomba a informação de que o Ronaldo “fenômeno” tinha se tornado o dono da recém-criada SAF do clube.

Nenhum outro empresário, ligado ao clube, cruzeirense de verdade, teve nem a chance de pensar em apresentar uma proposta. Grande parte da torcida, com razão, cega de paixão, achou que teria sido o melhor negócio do mundo e que a Raposa estava “salva” e voltaria breve às grandes “páginas heroicas imortais”.

E ai de quem ousasse fazer a mínima crítica ou lembrasse que Ronaldo nunca deu a menor bola ao Cruzeiro depois que foi vendido. Nem citava o clube nem Belo Horizonte nas muitas entrevistas que dava sobre seu início de carreira.

Pelo contrário, a única vez que falou, foi pra dizer que quase passava fome na Toca.

Recebi de vários cruzeirenses, por e-mail, whatsapp e aqui no blog (obrigado Juca da Floresta, obrigado Alex e aos demais), a coluna do Gustavo Nolasco, de ontem, dia 23, no Estado de Minas. Uma das críticas mais contundentes e mais sensatas que já li até hoje sobre a gestão do Ronaldo no Cruzeiro.

Vale demais a pena ler.   

“DA ARQUIBANCADA”

SAF do Ronaldo: um fenômeno de omissão

* Por Gustavo Nolasco

Quem gosta de ser campeão é o torcedor cruzeirense. A diretoria da SAF trabalha mesmo é para não gerar custos e fazer mais ricos seus patrões

*SAF do Ronaldo: um fenômeno de omissão*

Não existe mais motivo, desculpa ou influencers/youtubers cevados com jabás/patrocínios capazes de fazer com que a Nação Azul continue se iludindo. Com a filosofia financeira-desportiva imposta pela diretoria montada pelo suposto comprador da SAF Cruzeiro, Ronaldo Nazário, não há qualquer perspectiva de montagem de um time competitivo no nível que a marca “Cruzeiro Esporte Clube” exige.

De semana em semana, de competição em competição, a estratégia dessa gente vai ficando cada vez mais escancarada:

1 – organizar a mina de ouro (as categorias de base), pois é de onde os acionistas projetam retirar seus dividendos, vendendo ativos (jovens promessas) para o milionário mercado internacional;

2 – manter um elenco profissional de mediano para fraco, pois, afinal, ter um escrete com capacidade técnica de disputar títulos pressupõe altos investimentos, e isso não lhes interessa, pois não admitem reduzir o lucro financeiro em suas contas bancárias.

Em resumo, quem gosta de ser campeão é o torcedor cruzeirense. A diretoria da SAF trabalha mesmo é para não gerar custos e fazer mais ricos seus patrões.

O resultado do último sábado mostrou, novamente, que entramos em uma competição com um elenco fraco, incapaz de medir forças com a turma “da parte de cima da tabela”.

Hoje, temos apenas um jogador realmente diferenciado tecnicamente, Matheus Pereira. Detalhe, ele só está no clube graças à insistência de Pedro Lourenço. Porque, sabemos todos, se dependesse de investimento de Ronaldo ou de estratégia da sua Patota de Corintianos e Playboys Cariocas de Sapatênis, o craque do nosso time (cruzeirense declarado e apaixonado) jamais estaria aqui. Muito menos haverá qualquer esforço dessa gente para que ele fique ao final do empréstimo.

Chega a impressionar como essa diretoria não sente o mínimo de vergonha na cara por ficar em silêncio frente aos resultados vexatórios, como a eliminação para o Sousa na Copa do Brasil, o empate para o semiamador Alianza e a nova derrota patética para o Atlético de Lourdes. Omissão ou covardia?

Hoje entraremos em campo pela terceira rodada da Copa Sul-americana. Mesmo o Cruzeiro sendo cabeça de chave da competição, até o momento, não venceu nenhuma partida. A Patota de Corintianos e Playboys Cariocas de Sapatênis não disse absolutamente nada sobre essa completa incompetência. Soberba?

É evidente a falta de sintonia da SAF com os anseios da Nação Azul e com a grandeza de um clube multicampeão. Eles repetirão a mesma lereia: “Pegamos um clube quebrado”. Sem que ninguém lhes devolva o questionamento: “Se comprar um clube pelo preço de pechincha que pagaram era um negócio tão ruim assim, por que pegaram?”

“A roupa nova do rei” é um conto do dinamarquês Hans Christian Andersen, publicado em 1837. Ele conta a história de dois vigaristas que bolam um plano para enganar o imperador. Sabedores que o rei adorava esbanjar com roupas caríssimas e exclusivas, eles se passam por tecelões e oferecem algo extraordinário: produziriam roupas magníficas, visíveis apenas para os inteligentes.

O rei os contrata. Tempo depois, todos da cidade visitam os teares e mesmo vendo que estão vazios, para não serem considerados estúpidos, fingem acreditar que algo estava sendo confeccionado.

Veio o grande dia no reinado. Os vigaristas chamam o imperador, o despem e fazendo mímicas, fingem vesti-lo com as roupas “só visíveis aos inteligentes”. Quando o rei ganha as ruas, os seus súditos, não querendo parecer ignorantes, novamente, fingem acreditar que o imperador está vestido.

O espetáculo bizarro de soberba, omissão e covardia se arrasta até que uma criança aponta para o imperador e grita: “O rei está nu!”

Agora, resta à Nação Azul definir se o seu papel nesse conto será o de súdito omisso do soberbo rei ou se será a criança que tem a coragem dizer a verdade.

Por Gustavo Nolasco

https://www.em.com.br/colunistas/gustavo-nolasco/2024/04/6843179-saf-do-ronaldo-um-fenomeno-de-omissao.html