Acordo absurdo das diretorias do Atlético e do Cruzeiro que reafirmam incompetência deles e rendição das autoridades da segurança aos marginais que atrapalham o futebol Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro
Torcida única: “celebração” da incompetência, omissão e falência das autoridades e clubes
Trecho de nota no twitter oficial Atlético: “Galo e Cruzeiro celebraram acordo para que haja torcida única nos clássicos das temporadas 2024 e 2025, válidos pelas competições organizadas pela Federação Mineira de Futebol e Confederação Brasileira de Futebol…”
Significado da palavra celebrar: “promover; fazer uma solenidade; produzir uma festividade de teor pomposo: celebrar um contrato, uma empresa. Comemorar; exaltar algo ou alguém; receber de modo festivo: o povo celebrou as eleições democráticas…”
Além do redator semialfabetizado, isso pode ser chamado também de rendição aos marginais que infernizam o futebol, falência das autoridades públicas que aceitam um absurdo desses, sem nenhuma contestação de Ministério Público, defesa do consumidor, estatuto do torcedor, Polícias, Justiça e etecetera e tal.
E essa incompetência não é de hoje. Apenas se repete. Infelizmente não temos mais nas forças de segurança profissionais como o coronel PM Nilo Sérgio da Silva, que deu grandes exemplos de como fazer a autoridade do estado ser respeitada, nos anos em que foi comandante de Policiamento da Capital.
Recorro à minha própria coluna nos jornais O Tempo e Super Notícia no dia 24 de agosto de 2012, quando o Mineirão estava em reformas e o jogo seria no Independência. De lá para cá só mudaram os nomes dos dirigentes e dos jogadores. A Polícia Militar recomendava torcida única. O Atlético não fazia questão, mas gostava da ideia. O Cruzeiro, mandante, fingia não querer, mas, queria. Confiram:
“Incompetência assumida e falência da autoridade”
Para cada clássico uma desculpa esfarrapada para manter esse absurdo de “torcida única”. Ano que vem, com o Mineirão de volta, haverá alguma outra justificativa furada. Uma vergonha!
O Cruzeiro, mandante do jogo, deveria ter batido o pé e exigido que as forças de segurança do Estado cumprissem com o seu dever constitucional, mas certamente não teve interesse, por achar que apenas a sua torcida pode dar algum ganho dentro das quatro linhas durante os 90 minutos.
A experiência dos clássicos anteriores com essa idiotice já mostrou que não tem nada a ver: o Cruzeiro já ganhou do Galo só com a torcida alvinegra presente.
Lamento que a PM mineira não seja mais a que tínhamos até 2010, quando andaram com essa conversa fiada de “problemas de segurança”, e o então chefe do Comando do Policiamento da Capital – CPC – Tenente-Coronel Nilo, fez prevalecer a tradição de competência e destemor da nossa Polícia Militar. Em 2009 comandou pessoalmente as operações que garantiram a final da Libertadores da América, entre Cruzeiro e Estudiantes, da Argentina, sem nenhum problema. Arrancou elogios da imprensa nacional.
Sem balela
Um ano depois, o Cel. Nilo garantiu que o Atlético poderia usar o vestiário e banco de reservas do lado direito das cabines do Mineirão, debaixo da torcida do Cruzeiro; e que a Raposa, idem, no outro lado, sob a torcida atleticana.
Assim foi feito e a autoridade foi respeitada, graças à coragem e eficiência da Polícia Militar.
Sob risco
As coisas mudaram; o Cel. Nilo se aposentou, junto com outros militares dessa linhagem, e o que temos visto é uma Polícia Militar acuada, diante de uma meia dúzia de marginais.
Quando o Estado abre mão do seu poder; por falta de recursos humanos ou materiais, toda a sociedade perde e fica sob risco. Por essas e outras é que os números da violência só aumentam em Belo Horizonte.
Em campo
O clássico, como sempre, imprevisível. O Atlético está em momento muito melhor, mas o Cruzeiro é o Cruzeiro.
Num jogo desses, tudo depende! Montillo estará bem? Ronaldinho Gaúcho e Cia. estarão inspirados e com a mesma garra?
Fábio e Victor fecharão o gol, ou um deles engolirá um frango, desses que acontecem com qualquer grande goleiro?
– – –
O placar foi 2 a 2, pela última rodada do turno e o Atlético mantinha a liderança do Brasileiro, com 43 pontos, um a mais que o Fluminense, que terminou campeão. O Cruzeiro estava em oitavo lugar, 28 pontos. Wallyson fez 1 a 0 para o Cruzeiro, Leonardo Silva empatou, Ronaldinho Gaúcho fez seu mais belo gol da camisa do Galo, e aos 56 do segundo tempo, Mateus empatou para o Cruzeiro.
Curtindo boa vida de aposentado, o Cel. Nilo é o penúltimo à direita, ao lado do Piu. A partir da esquerda, o ex-lateral Mancini, Antônio Carlos Chaves de Rezende (então prefeito de Lagoa Dourada e o ex-meia do Atlético, Lincoln, numa partida festiva do time do PAIA/PMMG, do Cel. Aníbal, em São João Del Rei, em 2017 (Foto: arquivo pessoal do Cel. José Aníbal Fonseca)
A ficha completa:
Data: 26 de agosto de 2012, domingo
Horário: 18h30
Árbitro: Nielson Nogueira Dias (Asp. Fifa/PE)
Assistentes: Guilherme Dias Camilo (Asp. Fifa/MG) e Márcio Eustáquio Santiago (Fifa/MG)
Público: 17.901 pagantes
Renda: R$ 482.270,00
Cartões amarelos: Lucas, Borges, Leandro Guerreiro, Montillo e Mateus (Cruzeiro), Pierre, Bernard e Marcos Rocha (Atlético-MG)
Cartões vermelhos: Leandro Guerreiro (Cruzeiro); Bernard e Pierre (Atlético-MG)
Gols: Cruzeiro: Wallyson, aos 17 minutos do primeiro tempo, e Mateus, aos 56 do segundo tempo; Atlético: Leonardo Silva, aos 48 minutos do primeiro tempo, e Ronaldinho Gaúcho, aos 44 do segundo tempo.
Cruzeiro: Fábio, Léo, Mateus, Thiago Carvalho e Everton (Marcelo Oliveira); Leandro Guerreiro, Lucas Silva (Anselmo Ramon), Tinga e Montillo; Fabinho (Wallyson) e Borges
Técnico: Celso Roth
Atlético: Victor; Marcos Rocha (Rafael Marques), Réver, Leonardo Silva e Júnior César; Pierre, Leandro Donizete, Danilinho (Guilherme) e Ronaldinho (Serginho); Bernard e Jô
Técnico: Cuca
Reveja os gols, no YouTube: