A Banda de Música União dos Artistas é a instituição mais longeva de Sete Lagoas e sobrevive da mesma forma que nasceu, no dia 15 de agosto de 1908: do voluntariado e abnegação de que gosta de cultura, entretenimento e confraternização. Nesta edição do SETE DIAS, contamos um pouco da história dela. Nas próximas edições, novas reportagens sobre o presente e planos da diretoria para o futuro.

Criada por um grupo de ferroviários, liderados por Virgulino Torres, após tempos ensaiando nas casas dos regentes e depois em locais alugados, um fato mudou essa realidade. Diante da dificuldade financeira de todos, o Maestro João Costa, levou a banda para ensaiar em uma sala com aluguel mais barato. Porém o cômodo não possuía energia elétrica e passaram então a ensaiar sob a luz do carbureto. Como a situação estava muito complicada o maestro então propôs aos músicos mais um sacrifício: cada componente passaria a contribuir com 15 mil réis mensalmente visando a aquisição de um local onde pudessem se estabelecer definitivamente. O lote foi adquirido com a participação efetiva da querida D. Josefina Azeredo, mais conhecida como Vó Fina, que ajudou nas negociações melhorando significativamente as condições de pagamento. Mas o sacrifício só estava começando pois nada adiantaria o lote sem o prédio da tão sonhada sede. Todos os recursos auferidos das apresentações seriam direcionados para a aquisição dos materiais para a construção, além da realização de vários eventos como festas, barraquinhas, bingos e todo tipo de entretenimento que poderia gerar algum recurso em prol da obra.

De posse do material de construção a obra foi erguida na forma de mutirão. Entre os próprios músicos surgiram pedreiros improvisados, sob a responsabilidade técnica do construtor Nicolau Bernardino da Silva, que se dedicou à obra, sem nenhum interesse pecuniário.
E nessa turma da Central, lá estavam trabalhando como pedreiros, carpinteiros, eletricistas, serventes e no que mais fosse necessário. Dentre eles, Osório Simões Filho, Wilson Costa, José Xavier, Cristovam Ferreira de Souza, Alcides Félix de Freitas, Eneas Alves, além de amigos da corporação, como: Joaquim Gomes Filho e Domingos Araújo que colaboraram eficientemente na obra.

Após quatro longos anos dessa luta e dedicação, no dia dois de março de 1946, a inauguração da sede própria da Banda de Música União dos Artistas, localizada à Rua Dr. Chassim, 156, no centro de Sete Lagoas, fato devidamente registrado em ata, como transcrito abaixo:
Era a inauguração da sede própria da Corporação Musical, que acabara de ocorrer, prestigiada, dentre outros convidados, por Sua Excelência, o Prefeito Municipal, Dr. Emílio de Vasconcelos Costa, e o Revmo. Padre Flávio D’Amato, que presidiu a reunião solene. João Batista de Carvalho foi o secretário. O ferroviário Benedito Costa Parreira fez uma bela saudação aos componentes da banda, “pela fibra de cada um, deixando claro que querer é poder, testemunhando suas palavras com a realização dos músicos da banda, que, sem dispor de capital, fizeram com os próprios esforços, sem subvenções e sem auxílios de cofres públicos, sua magnifica sede”. Na sequência, discursou o Padre Flávio D’Amato. Confirmou as palavras do orador anterior, concitou as autoridades presentes a colaborarem com a Banda e expôs os relevantes serviços por ela prestados. Em breve locução, cumprimentou os dirigentes da Banda, o Dr. Olyntho Satiro Alvim, congratulando-se com os mesmos pelo empreendimento. “Ouviram-se, nos diversos intervalos, belas peças do repertório da Banda”. (Em 02/03/1946, Livro de Atas, pág. 01/v).

