Para o Coletivo Várias Marias, Ivson mente em plenário, criminaliza os corpos das mulheres, e tenta impor suas crenças pessoais em matérias que tratam de saúde pública
Na terça-feira (17) passada, a vereadora Marli de Luquinha foi afrontada no plenário da Câmara Municipal pelo vereador Ivson Gomes.
A desavença começou quando a vereadora pediu vista de mais um projeto “anti-direitos das mulheres de autoria do vereador” – como definiu o Coletivo Feminista Várias Marias. “Ele desrespeita a luta das mulheres de Sete Lagoas com sua política machista e LGBTfóbica”, afirmou o coletivo em nota enviada à redação.
Vereador Ivson Gomes
afirmou que “feministas não defendem a vida”
Para o coletivo Várias Marias, “o mesmo vereador propõe constantemente projetos que ferem a dignidade da mulher, que vão contra diretrizes do Ministério da Saúde, e que são, em sua maioria, ações que atacam os direitos sexuais e reprodutivos”.
Neste mesmo projeto que o vereador defende em plenário, havia artigo contra o uso de anticoncepcionais para prevenir gestações indesejadas, que só foi retirado por pressão popular. Ele chegou a afirmar em plenário que: “Feministas que apoiam a cultura da morte infiltradas em nosso conselho”, (no caso, Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Sete Lagoas).
Para o Coletivo, Ivson mente em plenário, criminaliza os corpos das mulheres, e tenta impor suas crenças pessoais em matérias que tratam de saúde pública. “Marli e sua assessoria têm enfrentado, com posicionamento firme e corajoso, as tentativas do vereador de violar nossos direitos duramente conquistados. Estamos aqui para dizer que não toleraremos violência política contra as mulheres, e demonstrar nosso apoio e solidariedade à vereadora Marli”, postou o Várias Marias em seu canal no Instagram.
Veja abaixo, a nota enviada à redação pelo Coletivo Várias Marias:
“Feministas que apoiam a cultura da morte infiltradas em nosso conselho”. É assim que o vereador Ivson Gomes se refere ao trabalho sério que o Várias Marias vem fazendo há cinco anos na cidade. Acolhemos mulheres vítimas de violência em Sete Lagoas, prestando solidariedade e apoio psicológico e jurídico de emergência, contribuímos com palestras gratuitas sobre direitos das mulheres e contra a violência doméstica em diversas instituições de ensino, além de tantos outros projetos igualmente comprometidos nessa causa em nosso município. Ivson desrespeita todas as mulheres ao atacar a vereadora Marli de Luquinha, por ter pedido vista de mais um projeto anti-direitos das mulheres de autoria do vereador.
Com ideias que parecem ter saído da Idade Média, o projeto ao qual o vereador se refere tentava até mesmo promover campanhas a respeito dos malefícios psicológicos do uso de anticoncepcionais, que só teve esse artigo retirado por pressão das “feministas” que ele critica. Agora, ainda tenta promover desinformação sobre o acesso ao aborto, que é permitido em três casos no Brasil, e o município não tem competência para definir sobre isso, cabendo ao Congresso Nacional.
Não respeita a nós, mulheres, que trabalhamos diariamente por essa cidade, sem receber um centavo por isso. Diferente dele, que recebe bastante dinheiro do nosso bolso com o único intuito de apresentar projetos de lei que prejudicam os direitos de mulheres e meninas em Sete Lagoas.
Maria Paula Monteiro
Do Coletivo Feminista Várias Marias
Abaixo, a resposta do vereador Ivson Gomes:
Queria deixar claro que não houve ataque ao coletivo Várias Marias. A crítica foi feita a Vereadora Marli em decorrência do pedido de vista do projeto 466/2021, intitulado de Semana pela Vida, onde, após ele retornar para a Comissão de Legislação e Justiça e analisar a constitucionalidade, legalidade e juridicidade, a Vereadora Marli pediu vistas do projeto para que passasse pelo conselho.
Foi questionado na reunião qual seria este conselho e não obtivemos resposta. Portanto, a cobrança foi em plenário, pois não cabe a esta comissão encaminhar o projeto que passe por conselho para dar o parecer.
E, ao contrário do que o grupo Várias Marias afirma em nota, o projeto possui o intuito de celebrar a vida e indicar os malefícios que um aborto possa a vir a ter. É somente pegar o projeto e realizar a leitura tirando o viés ideológico. Assim como existem as campanhas contra o suicídio, câncer de mama, de próstata, combate à violência contra a mulher e meninas, apresentado, inclusive, pela Vereadora Marli, o projeto Semana pela Vida tem o objetivo de conscientizar as pessoas sobre os malefícios do aborto e não é uma tentativa de desinformação.
Desinformação é o que o grupo Várias Marias faz ao não analisar o projeto, pois sabe que o Município não pode legislar sobre as hipóteses do aborto, mas sabe que ele pode legislar sobre campanhas alertando sobre os malefícios da questão do aborto, assim como sobre o combate à violência contra as mulheres.
Aonde estava o coletivo quando minha lei que veda contratação de pessoas acusadas na Lei Maria da Penha foi promulgada?
onde estava o coletivo quando eu ajuizei uma ação no MP contra o turismo sexual das mulheres em Sete Lagoas?
O coletivo Várias Marias tem pessoas nomeadas na prefeitura? Tem registro das suas ações que diz fazer ou estão preocupadas em fazer notas infundadas em falácias?
Medievais são elas quando não querem conscientizar a população sobre a valorização da vida e o mal do aborto, elas querem doutrinar e manter quem nesse cabresto ideológico?
Ivson Gomes, vereador