por Chico Maia
O tempo passa, quase tudo muda mas certas situações são imutáveis, ainda mais quando se fala em dinheiro.
A notícia não é boa para os “secadores” do Cruzeiro. Em 1994 o lateral Paulo Roberto prestes era o capitão do Atlético, cujo presidente era o Afonso Paulino, o diretor de futebol era o Marcelo Guzella e o técnico, Vantuir Galdino.
Ao chegar para treinar na Vila Olímpica ele recebeu recado que a diretoria queria conversar com ele e que depois do treino fosse à sede de Lourdes.
Surpreso com a informação, ficou até animado, pensando que os “homens” estariam chamando-o para informar que os quatro meses de salários dos jogadores e os seis meses dos funcionários seriam colocados em dia.
Terminado o treino, correu para a Avenida Olegário Maciel, 1516, direto pra sala da presidência.
Conversa curta, grossa e que quase terminou em porrada: Afonso Paulino, que tinha fama de mau, o chamou para comunicar que tinha feito um negócio com ex-governador Newton Cardoso, que injetaria 3 milhões de dólares no clube. E com esse dinheiro estavam sendo contratados Renato Gaúcho, Neto, Adilson Batista, Luiz Carlos Wink, Darcy, e Gaúcho.
Sempre muito educado fora de campo, na hora baixou o espírito do lateral duro das quatro linhas no Paulo Roberto Prestes, que era chamado de “Brutus” pelos companheiros:
__ Ora presidente, vai contratar esses caras sem pagar os salários atrasados? Isso não vai dar certo. Ninguém vai engolir isso.
A diretoria queria que o Paulo, como capitão, administrasse isso, mas a situação no dia a dia na Vila Olímpica era crítica. A revolta contra os salários atrasados era grande; jogadores que tinham situação financeira melhor, emprestavam para os que estavam com dificuldades em manter seus compromissos, e que era a maioria.
A conversa esquentou, partiu para um lado ruim, ofensas trocadas e por pouco o jogador e o presidente não se engalfinharam na porrada. Foram apartados pelos demais presentes à reunião.
Não deu outra.
A noite de Belo Horizonte ficou mais animada, mas faltou quem corresse em campo para que o time funcionasse.
A “Selegalo” foi um fracasso por um motivo “simples”: estrelas contratadas com dinheiro na mão e no bolso, enquanto a maioria do grupo fazia vaquinha para tocar a vida.
Não ganhou nem o Campeonato Mineiro, que ficou com o Cruzeiro.
Como se sabe, o Pedrinho Lourenço não está economizando nas contratações mas os compromissos com os jogadores e funcionários que já estavam na Raposa estão religiosamente em dia. E não há perigo de faltar grana lá atualmente!
Quem quiser ouvir todos os detalhes dessa reunião tensa do Paulo Roberto com o Afonso Paulino e diretoria do Galo é só clicar no link do nosso canal no Youtube, “Prateleira de CimaOficial”. Está tudo lá. Foi uma das melhores entrevistas que fizemos até hoje em nosso podcast.
A propósito, o nosso programa dessa segunda-feira, 13, será com o Arthur “Vibrantinho”, ex-Bancada do Alterosa Esporte, que vai contar muita coisa dos bastidores de um dos piores momentos da história do Cruzeiro.
A partir das 12h30, ao vivo