A banda passará por 40 países com gravação de um disco ao vivo de 40 faixas
A banda belo-horizontina Sepultura anunciou seu fim, nessa sexta-feira, 8. Em coletiva de imprensa no Hotel Hilton, em São Paulo, Derrick Green, Paulo Xisto, Andreas Kisser e Eloy Casagrande comunicaram o fim das atividades do grupo e uma turnê de despedida que passará por 40 países.
Batizado “Celebrating life through Death”, o tour final do Sepultura terá início em 1º de março de 2024, no Arena Hall, em Belo Horizonte. Em seguida, a banda seguirá por outras cidades do Brasil, além de países da América Latina e Europa. A série de shows durará 18 meses e os ingressos começarão a ser vendidos nesta segunda-feira, 11
“Estamos no melhor momento da história da banda e saímos de cena de uma forma muito tranquila”, explicou o guitarrista Andreas Kisser na coletiva desta sexta. “São ciclos que se fecham e se renovam. Queremos celebrar. Não queria que o Sepultura acabasse com uma briga ou que a gente ficasse velho demais no palco”.
A derradeira turnê será gravada e dará origem a um disco ao vivo de 40 faixas. “Estamos felizes e muito agradecidos com tudo que aconteceu na nossa história. Fizemos grandes álbuns e shows, cultivamos amizades, conhecemos nossos ídolos, ajudamos a colocar o metal brasileiro no mapa mundial. Agora, deixamos a cena com o sentimento de dever cumprido”, pontuou o grupo.
Raízes mineiras
Formado em 1984, no bairro Santa Tereza, em BH, pelos irmãos Max e Igor Cavalera, o Sepultura cravou, ao longo de quase quatro décadas, o rock brasileiro na principal prateleira da música mundial.
Tudo começou na rua Dores do Indaiá, 267, onde os irmãos Cavalera moraram na adolescência. A casa ficava a dois quarteirões de outra esquina emblemática para a música brasileira, o encontro das ruas Paraisópolis e Divinópolis, marco do Clube da Esquina.
O canto dos Cavalera era palco de reuniões de metaleiros do Brasil inteiro, jovens que vinham tocar na cena metal de Belo Horizonte e apareciam por lá para ensaiar. Outro vizinho, Paulo Xisto, também integrante da formação original, era morador do bairro e os pais aceitavam que os “camisas pretas” ensaiassem no local.
Mas o QG do Sepultura era mesmo a casa dos Cavalera. Jairo Guedez, guitarrista da formação original, havia sido substituído pelo paulista Andreas Kisser, que teve que ir morar na casa da família Cavalera, com o consentimento da viúva Vânia, mãe dos irmãos e principal incentivadora da banda, desde os shows para cinco pessoas.
Andreas não foi o único a ir morar no Santa Tereza. João Gordo e outros do Ratos de Porão também moraram por um tempo na casa da Dores do Indaiá.
Atualmente, a formação da banda conta com o guitarrista Andreas, o baixista Paulo Xisto – desde a formação original –, o vocalista norte-americano Derrick Green e o baterista Eloy Casagrande.
Brasil no mapa do Heavy Metal
Em 1986, o Sepultura lançou seu primeiro álbum de estúdio, “Morbid Visions”. O trabalho é tido como um dos primeiros discos de Death Metal do mundo. Ainda jovens, os membros ganharam reconhecimento na cena underground brasileira.
Mas foi na década de 90 que o Sepultura catapultou o rock brasileiro para níveis internacionais. Em 1996, a banda lançou seu álbum de maior sucesso e aclamação, o emblemático “Roots”. Com influências da música indígena e gravações na tribo Xavante, com percussão tribal, o compilado conquistou espaço indiscutível nos toca-discos, leitores de CDs, rádios independentes e, claro, festivais de rock mundo afora.
Poucos meses após o lançamento de “Roots”, Max Cavalera deixou a banda para tocar projetos particulares. Seu irmão, Igor, seguiu à frente do grupo até 2006. Desde então, os fundadores se distanciaram do título. Em 2016 foi lançado o documentário “Sepultura Endurance”, com depoimentos de personagens célebres da história da banda. Entretanto, os irmãos Cavalera não participaram.
Veja as datas dos shows no Brasil da turnê de despedida do Sepultura
1/3/24 – Arena Hall – Belo Horizonte (MG)
2/3/24 – Estacionamento do Cultura – Juiz de Fora (MG)
9/3/24 – Arena Lounge – Brasília (DF)
15/3/24 – Castelli – Uberlândia (MG)
21/3/24 – Araújo Vianna – Porto Alegre (RS)
22/3/24 – Live – Curitiba (PR)
23/3/24 – Arena Opus – Florianópolis (SC)
6/9/24 – Espaço Unimed – São Paulo (SP)
Com Thiago Cândido / BHAZ