Espaço Meu Canto Conviver lança curta baseado no Estatuto do Idoso

“Primavera Velha” surge a partir de aulas de teatro ministradas no Centro Dia para Idosos Meu Canto Conviver

O Centro Dia para Idosos Meu Canto Conviver, estreia o documentário “Primavera Velha”, um movimento em favor dos direitos das pessoas idosas e em comemoração aos 20 anos do Estatuto do Idoso. Com roteiro e direção de Paulinho do Boi e filmagens de Junio Souza, o curta nasce a partir de aulas de teatro com pessoas atendidas pelo Centro.

Associado a atividades adequadas e cuidados específicos, o Meu Canto Conviver produziu um documentário a partir de aulas de teatro com pesquisa feita em cima do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003) que comemorou 20 anos de promulgação. Apesar de a Lei completar duas décadas de existência, o roteirista e diretor do curta, Paulinho do Boi, observou que muitas pessoas, especialmente as atendidas pelo espaço, não tinham conhecimento do conteúdo do Estatuto. “Realizando encontros durante as aulas de teatro percebemos que a maioria das idosas sabiam da existência do estatuto, porém não conheciam o conteúdo. As leituras, sempre acompanhadas de uma roda de conversa, suscitaram uma ação cênica que ajudasse na divulgação dos direitos da pessoa idosa, utilizando o princípio do Teatro do Oprimido (técnica teatral desenvolvida pelo brasileiro Augusto Boal) aplicando as vertentes do Teatro Fórum e Teatro Jornal. Paulinho conta ainda que a dramaturgia foi amarrada de modo a dar vazão aos anseios coletivos”, observa Paulinho.

Pensando no bem-estar dessa população, o Centro Dia para Idosos Meu Canto Conviver é inaugurado em Sete Lagoas no dia 01 de Outubro de 2019 para atender às pessoas idosas e seus familiares, além de oferecer um ambiente de cuidados. “A metodologia desenvolvida permite a participação social efetiva e nas atividades de vida diária, o que vai de encontro ao plano de ação global proposto pela OMS para prevenção das demências”, conta Cíntia Oliveira, coordenadora do projeto.

De acordo com o Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira teve envelhecimento recorde com 10,9% da população com 65 anos ou mais, uma alta de 57,4% em comparação com 2010. Por outro lado, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos realizou um levantamento que aponta um aumento de 38% nos casos de violência contra pessoas idosas no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, o estudo mostra também que as pessoas estão se sentindo mais confiantes em denunciar.

Tanto o curta quanto o espaço Meu Canto Conviver, buscam não apenas assegurar os direitos e qualidade de vida das pessoas idosas, mas também suscitar a capacidade de renovação e tentar fazer com que a sociedade renove a visão que tem do idoso e do envelhecimento. Para Paulinho do Boi, o contato com as pessoas do Centro Dia é um momento de aprendizado baseado no afeto, além de trabalhar com assuntos sérios sem perder o humor e a vontade de mudança. “As aulas de “teatroterapia”, termo cunhado por Cíntia Oliveira, acabam por aproveitar todas as outras oficinas culturais terapêuticas que são oferecidas no Meu Canto Conviver. Desde dança sênior, artesanato, até a culinária. Tudo a gente aproveita no teatro. É incrível como a gente muda junto com elas”, comenta.

Para Cíntia, o curta é uma provocação para que seja dada a devida atenção para esta população e, assim, proporcionar um envelhecimento com dignidade. “O material audiovisual é uma maneira rápida e eficaz de expandir a visibilidade da pessoa idosa como agente da sua própria vida. Um recurso de fácil acesso para todos”, conta.

O Centro Dia para Idosos Meu Canto Conviver, oferece um espaço que possibilita o desenvolvimento das potencialidades dos idosos independente de suas limitações. São 1000 metros quadrados de área integrada à natureza, com atividades adequadas e cuidados específicos e aferição da pressão arterial, de glicemia, entre outros. Iniciativas como esta, demonstram os avanços no tema do envelhecimento. Nos últimos anos, é comum observar artistas debatendo na TV sobre preconceito etário, os desafios dessa fase da vida e a necessidade de discutir sobre como a sociedade ainda precisa rever os conceitos sobre a velhice, muitas vezes associada à invalidez. Para Paulinho do Boi, “onde cabe uma pessoa idosa, qualquer pessoa da sociedade cabe também”.