Uma “brincadeira” de mau gosto tem causado transtornos sérios a uma família de Matozinhos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Polícia Civil de Minas Gerais abriu inquérito para apurar o caso de fake news que associou o nome do casal, dono de uma hamburgueria na cidade, ao prêmio de R$ 127 milhões da Mega-Sena sorteado no último sábado (21).

Segundo apuração da Rádio Itatiaia, a falsa informação foi inicialmente espalhada por um vizinho da família por meio de mensagens em aplicativos logo após a Caixa Econômica Federal confirmar que a aposta vencedora foi feita em Matozinhos — cidade com pouco mais de 40 mil habitantes. A mentira se espalhou rapidamente, e os efeitos foram imediatos: a família passou a receber ameaças, pedidos de dinheiro e até ofertas de compra de imóveis.
“Estou monitorando a pressão, que está quase 18 por 11. Todo dia minha pressão só sobe”, relatou o idoso de 69 anos, dono do estabelecimento. A esposa, de 60 anos, relatou ameaças de sequestro. “Tive ameaça de bandidos de Ribeirão das Neves. Estou um caco com esse negócio. E quem ganhou mesmo está feliz com o seu dinheirinho, que Deus abençoe, mas eu não ganhei nada.”
A situação afetou não apenas a rotina do casal, mas também sua saúde emocional e física. A família já registrou Boletim de Ocorrência e avalia entrar com um processo judicial contra o autor da fake news.
O homem apontado como responsável pela disseminação da informação falsa admitiu o ato. Segundo ele, a intenção era fazer um “experimento social” e testar a reação das pessoas. “Daqui duas semanas nós vamos rir muito disso, tomar cerveja e rir. Mas a coisa tomou rumos que a gente não poderia deixar chegar”, disse à reportagem.
Mesmo diante da repercussão negativa, o autor da mentira tenta minimizar os danos dizendo que os prints da mensagem original têm sido compartilhados para mostrar que tudo se tratou de uma invenção dele. “O povo tá falando tanto que são eles, que até a gente começa a acreditar. Mas fui eu quem criou essa mensagem”, afirmou.
Em nota, a Polícia Civil confirmou que instaurou o inquérito e que até o momento não houve condução de envolvidos à delegacia. A investigação busca identificar possíveis crimes cometidos, incluindo calúnia, difamação, ameaça e incitação ao pânico.
Apesar do autor alegar que a fake news “impulsionou o negócio da família” por gerar visibilidade à hamburgueria, os donos negam qualquer participação na farsa e afirmam estar vivendo um momento de extrema tensão.
Alerta à população: compartilhar informações falsas pode ter consequências jurídicas e humanas graves. A Polícia Civil reforça a importância de verificar a veracidade dos fatos antes de repassar qualquer conteúdo em redes sociais ou aplicativos de mensagens.