Sétima Arte – Sorria 2

Crítica de Wellberty Hollyvier D’Becker.


Sorria 2

Lady Gaga, para o bem ou para o mal, é hoje uma das maiores influências em Hollywood, mesmo quando não participa de um filme. No caso de Sorria 2, sentimos sua presença de forma marcante. Seja pela semelhança física que parece ser forçada, seja pelo figurino ou até pela inspiração no piano para compor. A protagonista de Sorria 2, Skye Riley, interpretada pela talentosa Naomi Scott, também é cantora e compositora.

Podemos dizer que Sorria hoje representa o que Pânico e Jogos Mortais significaram no passado: uma releitura bem fundamentada, mas que já soa cansativa. No entanto, com um pouco de imaginação e muito talento, transforma-se o básico em algo nobre. O primeiro Sorria surpreendeu o mundo com sua originalidade ao entregar sustos que realmente funcionavam, e a fórmula permanece neste segundo filme. Agora, de forma expandida, não necessariamente melhor, mas diferente.

Skye Riley, há um ano, sofreu um acidente de carro com o então namorado. Ela passou esse tempo afastada dos holofotes, tratando-se de seus vícios em drogas, remédios e bebidas. A maldição, contudo, a alcança de forma incomum. A primeira cena do filme parece um pouco deslocada: é violenta, tensa e bem coreografada. A partir daí, surge o contato de Skye com a entidade maligna.

O primeiro ato é brilhante, lembrando muito os filmes de Alan Parker e Brian De Palma, com uma atmosfera de suspense muito bem construída, uma trilha sonora surpreendente e a constante sensação de que algo está para acontecer. No segundo ato, isso é fundamentado, e começam os delírios de Skye. Após a morte de Louis, ela passa a ver coisas, especialmente o sorriso horripilante que tanto apreciamos. Não é exagero dizer que este é o filme de 2024, até agora, que mais provoca medo e sustos, graças ao hábil roteiro e à direção de Parker Finn. Há rumores de que ele se inspirou, pelo menos em parte, na história de Amy Winehouse para criar a trajetória de Skye.

A atmosfera do filme é muito bem construída. Rosemarie Dewitt está excelente como mãe de Skye, e sua melhor amiga, Gemma, é interpretada com competência por Dylan Gelula. O elenco contribui muito para o sucesso do filme. O diretor sabe usar ângulos e posicionar a câmera de forma a colocar o público dentro da cabeça dos personagens. A trilha sonora é eficaz, transmitindo a sensação de urgência que o filme deseja. Naomi Scott, que interpretou Jasmine em Aladdin, é extremamente talentosa, conseguindo se comunicar com o público apenas com o olhar e os gestos, sem dizer uma palavra. No entanto, nem tudo são flores.

O terceiro ato é um pouco confuso. O diretor se perde dentro de suas próprias ideias, e os jump scares, até então contidos, tomam conta do filme, com cenas sangrentas. O que era um terror psicológico começa a flertar com o trash. Isso não é necessariamente um grande defeito, mas, depois de um primeiro e segundo ato tão bem construídos, esperava-se uma conclusão melhor. Diretores de terror como Wes Craven e James Wan, de Pânico e Jogos Mortais, respectivamente, sabem o momento exato de encerrar suas histórias. Parker Finn, por outro lado, tenta estender ao máximo o material que tem em mãos, mesmo que isso prejudique a narrativa. Ele almeja ser visualmente deslumbrante, mas acaba sendo apenas desconfortável. De forma geral, foi uma experiência muito boa, e já estou ansioso pela terceira parte.
O filme Sorria 2 já está em cartaz nos cinemas. Nota: 8.5/10.

*Wellberty Hollyvier D’Becker é formado em Artes Cênicas pela UFMG, Crítica e Análise de Filmes pela Faculdade do Rio. Escreve sobre cinema desde 1997. Autor e dramaturgo, publicado em 16 países com mais de cem obras escritas.