Produtor rural mineiro cria equipamento que evita o desperdício e o uso incorreto de insumos

Com fama de ‘professor Pardal’ entre os amigos, Paulo não sossegou enquanto não inventou um produto que homogeniza melhor os produtos químicos utilizados nos drones de pulverização

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Johnathan Tanaka e Paulo Ude criaram o misturador de calda, com assessoria do Centro de Aplicação de Insumos Agrícolas da Basf. Fotos: Arquivo Pessoal

Um equipamento lançado no último mês de junho na feira Agro Efetiva, em Botucatu, São Paulo, está tendo ótima aceitação entre os produtores rurais brasileiros e de países como Guatemala, Uruguai e Argentina. E o curioso é que a ideia do novo produto surgiu de um produtor rural ao enfrentar um problema no dia a dia da sua fazenda em Dores do Indaiá, região centro-oeste de Minas.
Trata-se de um misturador de calda, que é acoplado aos tanques dos drones, impedindo que os insumos e outros produtos químicos tenham uma correta homogenização. O equipamento tem funcionamento autônomo com bateria independente, proporcionando uma mistura homogênea dos produtos e insumos químicos.

O autor da invenção é o administrador de empresas e sojicultor, Paulo Ude, em parceria com o engenheiro de automação Johnathan Tanaka e o pesquisador da Basf Brasil, Adriano Vilames.

Paulo observou que os produtos químicos colocados nos drones de pulverização não se dissolviam bem, gerando desperdício e diminuindo a eficiência desses.
Incomodado, ele não sossegou enquanto não montou um protótipo, ainda que rudimentar, de um equipamento. “Usei um espeto de churrasco como hélice para montar meu primeiro modelo”, conta.
Paulo mostrou o protótipo para um vizinho – o engenheiro de automação Johnathan Tanaka. Esse reconheceu que a ideia era boa, mas precisava ser aprimorada.

A partir daí, os dois começaram a trabalhar juntos, desenvolvendo as peças, moldando toda a ferreteria e a parte aerodinâmica. Para isso, contaram com a consultoria do pesquisador do Centro de Pesquisas em Aplicações de Agroquímicos da Basf Brasil, Adriano Vilames da Silva.

Foi ele quem orientou, por exemplo, que a hélice deveria ter um formato de ‘U’ para facilitar a homogeneização dos produtos sólidos com os líquidos.

Todo esse processo de materialização do misturador levou cerca de seis meses e envolveu modificações, ajustes e dezenas de testes em campo até que se chegasse à eficiência de 100%. “Fizemos experiências com diferentes produtos químicos até que o misturador cumprisse perfeitamente sua função”, contou Paulo.

Economia de Água

Outra vantagem do misturador, que pode ser acoplado a qualquer modelo de drone, é que ele proporciona grande economia de água. Para pulverizar dez hectares, por exemplo, o drone utiliza dez litros de água. Enquanto que, para pulverizar os mesmos dez hectares, um equipamento convencional (por terra) consome 150 litros.